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    CRÍTICA – Segunda temporada de Yellowjackets é morna, mas audaciosa

    A segunda temporada de Yellowjackets chegou no Brasil pela Paramount Plus, a série é uma criação de Ashley Lyle e Bart Nickerson com produção pela Showtime. No elenco estão nomes como Melanie Lynskey, Tawny Cypress, Christina Ricci e Juliette Lewis.

    Sinopse

    Após 25 anos, as Yellowjackets continuam tentando lidar com os traumas deixados pelo acidente de avião que aconteceu em 1996. Na nova temporada da série, vamos solucionar alguns mistérios deixados em aberto na temporada anterior.

    Análise da segunda temporada de Yellowjackets

    A história sobre um time de futebol feminino de adolescentes do final dos anos 90 que após a queda de um avião precisam sobreviver isoladas em uma floresta, ainda é extremamente atrativa.

    Não à toa, a primeira temporada de Yellowjackets foi indicada como Melhor Série no Emmy 2022, evidenciando o grande potencial e também colocando mais expectativa em torno da segunda temporada. Pode-se dizer que em parte fomos agraciados: as meninas do passado voltam mais surpreendentes e interessantes. Já no presente, o show deixa a desejar e desperdiça o que seria uma boa trama.

    Mas primeiro, vamos as boas novas. No passado, as garotas já estão há dois meses perdidas na floresta canadense, precisando lidar com a fome e o frio extremo. Inclusive, o estado de fome se torna um grande tópico nessa temporada, apesar de terem criado um sistema igualitário, onde cada uma parece exercer uma tarefa para o bem do grupo, elas ainda estão lutando pela própria sobrevivência, onde sempre quem ganha é o mais forte e o mais esperto.

    Além disso, depois que algumas previsões de Lottie (Courtney Eaton) se concretizarem, uma boa parte do grupo passa a tratar como uma espécie de xamã. Van (Liv Hewson), Misty (Samantha Hanratty) e Travis (Kevin Alves) acreditam que Lottie possa os ajudar a sobreviver com rituais e misticismos. Do outro lado, Nathalie (Sophie Thatcher), Taissa (Jasmin Savoy Brown) e Shauna (Sophie Nélisse) estão descrentes do tom da colega.

    Essa relação, quase ímpar, cria uma grande tensão entre as meninas e principalmente com o técnico Ben (Steven Krueger), que procura fazer de tudo para de distanciar da situação. Ainda que lentamente, no passado, a série consegue trabalhar com temas importantes para histórias com adolescentes, como amadurecimento e perda.

    As Yellowjackets do passado estão evoluindo e explorando seu mundo isolado e hostil, mas cheio de possibilidades e desafios. O grande triunfo da segunda temporada está na forma audaciosa que a série direciona as personagens jovens, há uma essência única nesse núcleo do show que deixa tudo mais intenso.

    Sendo assim, os criadores Ashley Lyle e Bart Nickerson sabem que tem uma boa história em mãos e por isso precisam entregar em doses homeopáticas ao público.

    Mesmo que a série ganhe nesses aspectos, ainda há um pé atrás com o quão longe Yellowjackets pode ir. Isso porque, o público conhece a má fama de séries de suspense e como elas podem acabar mal.
    Nesta segunda temporada existe um certo receio em cair nesse mar de perguntas sem respostas e talvez seja por isso que o arco das Yellowjackets mais velhas pareça tão fora de ritmo com restante da série.

    Shauna (Melanie Lynskey), o marido Jeff (Warren Kole) e a filha Callie (Sarah Desjardins) estão tentando encobrir o assassinato de Adam (lá da primeira temporada), o trio é a própria energia de uma família disfuncional.

    Misty (Christina Ricci) cria uma boa dupla com Walter (Elijah Wood) numa investigação sem tanta relevância para encontrar Nathalie (Juliette Lewis), que por sua vez está com Lottie (Simone Kessell), em uma espécie de culto focado em bem estar. Ainda temos Taissa (Tawny Cypress), que após piorar de sua condição “sonâmbula” vai atrás de Van (Lauren Ambrose).

    A introdução de mais Yellowjackets no presente é uma boa pedida, mas que não leva a lugar nenhum. O culto de Lottie que poderia ser mais bem explorado, acaba como uma fachada para um desfecho insosso. Enquanto no passado, o mistério sobre a rainha dos chifres e os dons de Lottie começam a tomar rumo em um tom mais assustador, no presente, tudo parece muito mais cômico. Não que a série não possa apresentar diferentes gêneros, o terror com a comédia sempre foram uma ótima dupla, mas aqui parece piegas demais.

    No final da temporada o reset no arco das personagens mais velhas mostra que a série ainda não está preparada para ir a fundo em suas próprias motivações. Mas claro que nem tudo está perdido, os bons momentos residem justamente da interação entre as personagens e como elas compreendem umas as outras apenas com olhar, guardando segredos sujos e obscuros.

    Com uma segunda temporada morna, Yellowjackets vai precisar mostrar mais cartas de seu baralho se quiser garantir o apreço do público nas próximas temporadas.

    Veredito

    Yellowjackets é aquele tipo de série que cativa ao prometer muito, o que pode ser um erro para o show, mas maravilhoso para o público que adora uma boa teoria. Na segunda temporada é indiscutível a superioridade narrativa do núcleo mais jovem. Sendo assim, só podemos esperar que a série trate melhor as Yellowjackets mais velhas. Um salve para a trilha sonora que continua excelente, com musicas como Zombie do The Cranberries e Something In The Way do Nirvana.

    Nossa nota

    3,5/5,0

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