True Detective: Terra Noturna será lançado na HBO e HBO Max no dia 14 de janeiro. A quarta temporada do seriado traz em seu elenco principal as atrizes Jodie Foster e Kali Reis, com direção de Issa López que também roteiriza ao lado de Nic Pizzolatto.
Tivemos a oportunidade de conferir todos os 6 episódios deste novo ano da produção. Confira nossa crítica sem spoilers.
Sinopse True Detective: Terra Noturna
Quando a longa noite de inverno cai em Ennis, Alasca, os oito homens que operam a Estação de Pesquisa Ártica Tsalal desaparecem sem deixar vestígios. Para resolver o caso, as detetives Liz Danvers (Jodie Foster) e Evangeline Navarro (Kali Reis) devem confrontar seus passados e as verdades sombrias que estão sob o gelo do Ártico.
Análise
A primeira temporada de True Detective foi um acontecimento. Me lembro o quão impactante foi acompanhar o desenrolar do caso retratado, pois cada episódio era extremamente bem escrito e atuado. Nic Pizzolatto alcançou um patamar altíssimo com essa criação, colocando seu nome no radar dos showrunners mais promissores da televisão.
A segunda temporada, por outro lado, foi abaixo do esperado, o que enfraqueceu um pouco a imagem do seriado. No terceiro ano, tivemos uma história mais bem aceita, que contava com um dos melhores atores da atualidade no papel de protagonista: Mahershala Ali.
O fato é que, apesar do caminho de altos e baixos, True Detective: Terra Noturna coloca a produção de volta nos trilhos e entrega um ano repleto de reviravoltas interessantes. Mesmo com apenas seis episódios, o que é um pouco curto se considerarmos os anos anteriores, a quarta temporada não deixa nada a desejar e entrega uma história coesa e fechadinha.
É claro que ter mais episódios poderia ajudar no desenvolvimento de alguns plots que, ao longo da trama, acabam tendo menos espaço. Entretanto, os episódios finais são tão envolventes que você se sente satisfeito com a temporada num geral.
Em Terra Noturna, Navarro e Danvers são as personagens principais da trama. Enquanto Danvers é a chefe de polícia de Ennis, Navarro é uma policial que lida com o dia a dia da cidade.
Essas personagens são igualmente poderosas e misteriosas, e suas interações lembram muito a ótima dinâmica entre Woody Harrelson e Matthew McConaughey na primeira temporada. O roteiro de Issa López e Pizzolatto retrata, a todo momento, a personalidade e as experiências únicas de cada uma delas, que lidam com diversos traumas enquanto buscam respostas para o caso de desaparecimento que estão investigando.
A ótima dupla se complementa o tempo todo em tela, sempre com um olhar para além do momento que estão vivendo. Apesar de suas próprias convicções, e relutantes em demonstrar suas vulnerabilidades, elas acabam sendo um apoio silencioso, mas efetivo, uma para a outra.
Jodie Foster e Kali Reis estão muito confortáveis em suas personagens. É uma imensa alegria ver Foster novamente em tela, ainda mais com uma parceira igualmente talentosa como Reis. O casting é realmente um ponto alto de True Detective: Terra Noturna, e nessas horas bate até uma tristeza em lembrar que a série é antológica e provavelmente não veremos o desenrolar dessa história em temporadas futuras.
Terra Noturna se destaca pela força feminina
O fato da temporada ter como cenário o inverno do Alasca, que consiste em diversos dias sem sol, traz ainda mais camadas de suspense para os acontecimentos da trama. Temas como tradições, entender suas raízes e se importar com o bem-estar coletivo estão também muito presentes, atravessando diversos momentos importantes da história, mas há um foco bem importante sobre os descendentes de nativos indígenas neste território que complementa a história principal.
Quando falamos do tom da série, o grande diferencial de Terra Noturna para as outras temporadas é, sem dúvida, a exploração do terror como um gênero paralelo ao suspense que já estamos acostumados. Diversas cenas possuem essa abordagem, o que é algo completamente novo e pouco explorado na franquia.
Confesso que a forma como López dirige essas cenas, e as insere de maneira natural em meio a tantas pistas e passos relacionados à investigação, me surpreendeu positivamente, e acredito que Terra Noturna possa angariar diversos fãs para o seriado por sua coragem em não se manter apenas no seguro.
Vale destacar também que a temporada em geral possui personagens femininas muito bem representadas, e elas são a força e fio condutor em diversos momentos da trama. Leah (Isabella LaBlanc), Rose (Fiona Shaw) e Julia (Aka Niviâna) são personagens igualmente interessantes, que auxiliam o tempo todo na construção desse ambiente de tensão e angústia que é retratado em Ennis.
Essa exploração de personagens femininas reais, que mantém interações constantes e constroem laços, é algo muito bem-vindo, principalmente quando vemos poucas produções que têm o cuidado de investir nesses desenvolvimentos.
Por fim, o trabalho de construção da atmosfera em Ennis, que muito foge da ambientação e identidade característica que vemos nas outras temporadas de True Detective, também é um ponto extremamente positivo.
A exploração dessa cidade congelante, com segredos e situações escondidas na escuridão, ao mesmo tempo que pequenas luzes de esperança brilham quase que inalcançáveis, traz um charme e simbolismo todo especial.
Veredito
Se você se apaixonou por True Detective na primeira temporada, saiba que esse novo ano resgata a essência do seriado de forma magistral. Com uma trama que transita entre o suspense e o terror, Terra Noturna se destaca por uma história que foge do óbvio e pelo poder de seu elenco.
5,0 / 5,0
Assista ao trailer:
