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    CRÍTICA – The Pitt leva o drama médico para outro nível com trama intensa

    The Pitt é a nova série médica do streaming Max, criada por R. Scott Gemmill. Todos os episódios estão disponíveis na plataforma.

    Sinopse

    A vida cotidiana dos profissionais de saúde em um hospital de Pittsburgh, enquanto eles lidam com crises pessoais, políticas no local de trabalho e o custo emocional do tratamento de pacientes em estado crítico.

    Análise da 1ª temporada de The Pitt

    Quando o dia terminou no hospital de Pittsburgh e os doutores Robby (Noah Wyle) e Abbott (Shawn Hatosy) trocaram os turnos em meio a frases profundas sobre perdas de pacientes, enquanto fitavam o parapeito no terraço do prédio, percebi que era a primeira vez que eu assistia a uma série médica completa.

    Não que eu não gostasse do tema, mas com tantas produções do mesmo gênero, tudo começa a soar artificial. The Pitt, felizmente, vai na contramão: é cru, direto, sem anestesia.

    Não há glamour no caos — só cansaço, dor e escolhas impossíveis. E é aí que ela fisga.

    Dando um passo para trás, o que recentemente levou The Pitt a ser um fenômeno nos streamings foi o seu jeito inventivo de contar sua história.

    Afinal, a receita de bolo já está pronta, e todos conhecemos ingrediente por ingrediente de como se faz um drama médico. Mas, felizmente, o criador do show, R. Scott Gemmill, foi um pouco além e acrescentou seu toque especial, que fez toda a diferença.

    Sendo assim, a série da Max se passa dentro de 15 horas — mais ou menos o tempo que dura um plantão médico. É uma sacada genial que coloca ainda mais força na narrativa, colaborada por uma direção dinâmica e um elenco que precisa, a todo momento, estar afiadíssimo.

    É assim que o público passa a conhecer o Dr. Michael “Robby” Robinavitch, chefe do departamento de pronto-socorro do hospital, um protagonista carismático, mas que carrega uma tristeza profunda.

    Noah Wyle, que entende bem como é dar vida a profissionais de saúde — já que foi um dos personagens mais recorrentes de outra série médica, chamada ER —, poderia muito bem apenas repetir seu papel. Mas o que Wyle faz em The Pitt é um recorte cirúrgico sobre a pressão que essa comunidade sofre diariamente. E asseguro: não é nada bonito ou charmoso como ER nos fez acreditar.

    Nesse sentido, The Pitt foi ovacionada pelos profissionais da categoria por conseguir se assemelhar ao que acontece de verdade entre as paredes brancas e as salas cheias de eletrônicos e camas.

    A sensibilidade com a qual o show de Gemmill trabalha é impressionante — não somente pelos montes de termos médicos que chacoalham nossas cabeças, mas, principalmente, por ser empático em um espaço de pura tensão.

    Em certo momento, Robby diz à estudante de medicina Mel: “Nunca se desculpe por sentir algo pelos seus pacientes.” É a evidência perfeita do quanto o time de criação da série está tentando algo novo: mais caloroso, mais realista, ora, mais humano.

    Sendo assim, funciona muito bem que o programa parta de quatro residentes para situar o espectador dentro daquele micro-universo que é o hospital. Dr. King (Taylor Dearden), Dr. Santos (Isa Briones), Dr. Whitaker (Gerran Howell) e Dr. Javadi (Shabana Azeez) são a linha de frente da série. Através deles, conhecemos a engrenagem do pronto-socorro, mas também a política, os egos, os colapsos emocionais.

    Uma das perguntas que pairam é se a série teria capacidade de desenvolver seus personagens, visto que cada episódio cobre apenas um dia. A resposta é sim.

    Não somente os residentes, mas outros personagens — como a enfermeira-chefe Dana Evans (Katherine LaNasa), que administra incansavelmente o local; a Dra. Heather Collins (Tracy Ifeachor), enfrentando o risco de uma gestação no meio do plantão; Dr. Frank Langdon (Patrick Ball), cuja fachada de charme esconde um problema ético; e a Dra. Cassie McKay (Fiona Dourif), bastante enfática — são apenas alguns dos rostos que habitam e dão profundidade à trama.

    Só que, mais do que desenvolver, em The Pitt entendemos seus conflitos internos e externos — e o que os fizeram ser quem são.

    No caso de Robby, a morte de seu mentor durante a Covid o leva ao esgotamento mental, quando ele e sua equipe precisam lidar com um tiroteio em massa, com múltiplos feridos, três horas antes de terminar o plantão. Como se não bastassem as 12 horas seguidas de casos complicados com pacientes entre a vida e a morte.

    É um gran finale apropriado para uma série que se propõe a discutir os problemas da humanidade enquanto sociedade, a partir de um drama médico. Há um “quê” de atualidade que é impossível ignorar, e, meia volta, nos sentimos na pele desses personagens, fazendo as mesmas perguntas.

    Dessa forma, The Pitt se consagra como uma das melhores séries da TV de 2025 — criando conexão sem apelar, sem deixar de ser verdadeira consigo mesma e com seu público.

    Veredito

    The Pitt entrega uma das melhores séries médicas da atualidade ao criar uma narrativa profunda, urgente e autoral sobre o pronto-socorro do hospital de Pittsburgh. Com 15 episódios em tempo real, o show trata dos desafios físicos, emocionais e sociais enfrentados pelo corpo médico, sem perder o fio da empatia. É intensa, honesta e inesquecível.

    Nossa nota

    5.0/5.0

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    Assista ao trailer:

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