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    CRÍTICA – 4º ano de Succession se prova um evento marcante na história da televisão

    O último episódio da quarta temporada de Succession foi ao ar no dia 28 de maio e marcou o seriado na história da televisão mundial. A produção multipremiada é criação de Jesse Armstrong e traz no elenco principal os nomes Brian Cox, Jeremy Strong, Sarah Snook e Kieran Culkin.

    Confira nossa crítica sem spoilers da temporada.

    Sinopse da 4ª temporada de Succession

    Na quarta temporada, a venda do conglomerado de mídia Waystar Royco para o visionário da tecnologia Lukas Matsson (Alexander Skarsgård) está cada vez mais próxima. A perspectiva desta venda sísmica provoca angústia existencial e divisão familiar entre os Roy, à medida que antecipam como serão as suas vidas quando o negócio for concluído. Segue-se uma luta pelo poder enquanto a família pondera um futuro onde o seu peso cultural e político será severamente reduzido.

    Análise

    Succession é um daqueles casos de alinhamento perfeito das estrelas: um elenco primoroso, um showrunner que sabe exatamente o que quer extrair da sua produção e uma equipe técnica exemplar, resultando em um dos melhores produtos criados para TV nos últimos anos.

    Igualando-se a outras obras que marcaram suas respectivas épocas, Succession é um espelho da sociedade que vivemos hoje. Bilionários que não contribuem em nada para seus pares, ancorados em empresas que se baseiam em espalhar desinformação e que concentram boa parte do dinheiro do mundo enquanto a imensa maioria passa fome.

    Acompanhar essa família ao longo das quatro temporadas é um ato de resiliência, pois ao mesmo tempo em que os personagens são completamente sem escrúpulos e mesquinhos, há em seu interior uma pequena fagulha que nos proporciona momentos de compaixão.

    Essa divisão intensa entre o repúdio e a pena é muito bem trabalhada por Jesse Armstrong, o que resulta em um roteiro afiado, que brinca o tempo todo com os sentimentos do público e que tenta criar personas de heróis em uma realidade onde todos os personagens são, simplesmente, desprezíveis.

    CRÍTICA - 4º ano de Succession se prova um evento marcante na história da televisão
    Créditos: Divulgação / HBO

    Na quarta temporada acompanhamos a família Roy agindo de forma fragmentada. Há momentos felizes, em que todos estão em busca de um mesmo ideal, mas nada dura muito tempo em um núcleo onde o egocentrismo e a vaidade são palavras de comando.

    A cada novo episódio, vemos os pequenos momentos de alegria sendo soterrados pelas péssimas escolhas individuais de Kendall (Jeremy Strong), Roman (Kieran Culkin) e Shiv (Sarah Snook), em uma tragédia anunciada nos melhores moldes dos antigos contos gregos.

    É inegável o quanto a futilidade dos problemas do Roy consegue nos hipnotizar, rendendo milhares de horas de debate sobre quem merecia ser o grande vencedor na corrida pelo cargo de CEO da Waystar.

    CRÍTICA - 4º ano de Succession se prova um evento marcante na história da televisão
    Créditos: Divulgação / HBO

    O debate, na verdade, é só um caminho divertido para a inevitável concepção de que nenhum desses pequenos herdeiros mimados merece estar à frente de um conglomerado que pode interferir de forma efetiva na vida de pessoas comuns. E essa constatação também se estende ao terrível Matsson, interpretado brilhantemente por Alexander Skarsgård.

    Apesar de sabermos todos esses detalhes, é impossível não sentir o luto ao dizer adeus a esses personagens no término dessa temporada, que foi um ensino prático de como criar um storytelling poderoso, personagens cativantes e complexos, e de subverter expectativas.

    O que aconteceu nesse quarto ano foi um marco que provavelmente vai guiar outras séries no futuro, tal qual grandes e corajosas produções que não tiveram medo de arriscar com o destino de seus personagens. Com um elenco que merece todos os prêmios possíveis, Succession já se coroou como a melhor série de 2023, sem deixar espaço para seus competidores sequer tentarem alcançar o seu alto nível.

    Dos 10 episódios da temporada, é muito fácil apontar aquele que cravou essa temporada como um clássico contemporâneo: Connor’s Wedding, o terceiro episódio, aquele que mudou o destino de todos os personagens e provou por A+B quem é o grande fio condutor, e espírito principal da série. O patriarca, Logan Roy (Brian Cox).

    CRÍTICA - 4º ano de Succession se prova um evento marcante na história da televisão
    Créditos: Divulgação / HBO

    Quem acompanhou esse evento semanalmente se lembrará para sempre dos momentos de tensão e desespero ao longo do terceiro episódio, e em como esse seriado já marcou o ano de 2023 por completo.

    A sensação de ressaca após a exibição foi simplesmente inexplicável, e os episódios seguintes só confirmaram o que, para muitos, já era mais do que realidade: Succession é uma obra-prima e se consagra como uma das maiores produções de sua geração.

    Veredito

    Com um roteiro impecável e uma subversão de expectativas como poucas séries conseguiram fazer, Succession é uma das melhores produções que chegaram à televisão nos últimos anos. Que receba todos os canecos nas premiações, porque seu legado merece ser fechado com chave de ouro.

    Nossa nota

    5,0 / 5,0

    Assista ao trailer:

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