Sex Education chega em sua quarta e última temporada já disponível na Netflix. A série é uma criação de Laurie Nunn, no elenco estão Asa Butterfield, Gillian Anderson, Ncuti Gatwa e Emma Mackey.
Sinopse
Com o Colégio Moordale, os alunos são transferidos para diferentes escolas, sendo o grupo de Otis encaminhado para o Colégio Cavendish. No novo local, o grupo terá a oportunidade de explorar novas experiências e amizades, mas as coisas ainda não parecem tão certas para Otis, que precisa lidar com a concorrência de mais um terapeuta sexual na escola. Enquanto isso, Maeve encara de frente a sua oportunidade nos Estados Unidos.
Análise do quarto ano de Sex Education
Quando Sex Education estreou em 2019, a série britânica se popularizou por ser um tanto disruptiva e também provocadora. Com bastante humor e informação, o show elencou como seu tema principal o sexo, um assunto que se faz mais presente na adolescência, mas que sempre foi considerado um grande tabu na sociedade.
Não à toa, a produção criada por Laurie Nunn se tornou um grande sucesso em países que enfrentavam na época uma onda conservadora, como no Brasil com o governo bolsonarista. Sex Education abriu o debate para que milhares de jovens pudessem ter confiança para tratar de assuntos sexuais e também de gênero e mesmo com o fim da série, essa porta não irá se fechar.
Foram quatro temporadas de descobrimentos e autoconhecimento não só para Otis (Asa Butterfield) e seus amigos, mas também para o espectador que embarcou nessa jornada junto em busca de desestigmatizar as relações sexuais. Em seu último ano, a produção aposta em seus personagens mais fortes, dando-os novas motivações e desafios, mas sem fechar de vez seus ciclos. Quando os alunos de Moordale vão para a nova escola Cavendish, o choque cultural é gigante e a série ameaça ser quase um reboot com novos personagens entrando e antigos saindo. Mas, o atual cenário é bastante interessante e logo desperta o interesse do público.
Se na antiga escola, os alunos tinham vergonha para falar sobre sexo e positividade sexual; na nova instituição, o assunto é muito mais amplo e e escancarado. Ainda que seja só ficção, é particularmente satisfatório assistir um ambiente que aceita a diversidade, já que a realidade das escolas está longe do que é Cavendish. Ainda assim, o local tem seus problemas e Otis precisa disputar pelo título de “terapeuta sexual” da escola. A competição não é fácil para o protagonista, Otis é o clássico homem hetero branco padrão e isso é bastante relevante em seu novo ambiente de ensino. Enquanto, sua adversária Sarah “O” (Thaddea Graham), é uma jovem assexual com um conhecimento psicológico e emocional maior que de Otis.
É divertido acompanhar a rivalidade entre ambos, servindo para mostrar como o nosso protagonista também pode ser por vezes egoísta e maldoso. Mas, no fim, Otis é apenas um jovem como muitos tentando lidar com suas inseguranças pessoais, algo que ele mesmo ressalta em seu discurso de eleição. É interessante notar o quanto esses personagens evoluíram nesses quatro anos, apesar de ser triste, Otis entende a coisa certa a se fazer e não somente na escola, mas em sua relação com Maeve (Emma Mackey).
Nesse último ano, a garota rebelde de Moordale vai para uma faculdade americana para se tornar escritora. O sonho de Maeve significa deixar muitas coisas para trás, sua família, amigos e claro, Otis. Em um ato corajoso, a série escolhe por não deixar o casal junto, a evolução de Maeve foi gigante ao longo do show e não fazia sentido ela abandonar seus objetivos por conta de seu relacionamento, ainda que ambos tenham lutado bastante por isso.
Eric (Ncuti Gatwa), o melhor amigo de Otis, também é um que rouba a cena. Após vários conflitos entre a sua sexualidade e a igreja em que frequenta, o personagem escolhe a si mesmo em um ato de amor próprio. O momento vem para lembrar que muitas pessoas queer são religiosas e que sua fé ou crenças não devem ser diminuídas por instituições religiosas. O personagem de Ncuti Gatwa irá deixar deixar saudade, não somente por sua risada contagiante, mas também por seus ensinamentos sobre sempre ser fiel a si mesmo.
Querendo ou não, Sex Education é um daqueles casos em que a jornada de personagens secundários significa muito mais que a trajetória do personagem principal. Outro nome que chama atenção é Adam (Connor Swindells), que também percorreu um grande caminho para entender suas questões sexuais e familiares. Se no começo do show, ele era praticamente um bullying no final, Adam se mostra um jovem tentando lidar com seus traumas da melhor forma possível para si próprio. Da mesma forma, Aimee (Aimee Lou Wood), a garota considerada burra por falar demais, parte em uma jornada de autoconhecimento e superação através da arte.
Outros personagens antigos, como Jackson (Kedar Williams-Stirling), Viv (Chinenye Ezeudu), Cal (Dua Saleh) e Ruby (Mimi Keene) também têm tramas desenvolvidas nos oito episódios do show que mostram suas importância na série. De certa forma, a última temporada de Sex Education é sobre autoconhecimento, superação de traumas e amor próprio. É até estranho para um final de série adolescente não ter o tão aguardado “e viveram felizes para sempre” com a formação de vários casais. Mas o fato é que esses personagens estão indo para a vida adulta e ela é muito mais anticlimática do que gostaríamos de admitir.
Veredito
Sex Education tem um gama de personagens interessantes que com certeza deixarão saudades, em especial, a Dr. Jean (Gillian Anderson), sexóloga e também mãe do Otis. Ao longo da série, Jean mostrou o quanto era importante adolescentes tratarem suas questões sexuais sempre pregando a desmistificação do sexo. No último ano da série, seu arco explora a depressão pós-parto, um assunto tão delicado e que merece muita atenção.
É nítido o impacto que Sex Education causa ao trazer temas tão necessários para um mundo que precisa urgentemente desses diálogos. Essa série com certeza fará falta, mas seus ensinamentos são eternos.
4,0/5,0
Confira o trailer da última temporada: