A terceira temporada de O Urso ou The Bear está disponível no Disney Plus. A série é um original do FX, com lançamento internacional no Hulu. Criada por Christopher Storer, no elenco estão Jeremy Allen White, Ayo Edebiri, Ebon Moss-Bachrach e Abby Elliott.
Sinopse
Depois do sufoco que Carmy Berzatto (Jeremy Allen White) e seus amigos viveram para inaugurar o restaurante a tempo na segunda temporada de O Urso, o terceiro ato do show percorre um caminho mais introspectivo entre seus personagens. Se antes, a equipe do restaurante parecia unida em um único objetivo e a corrida contra o tempo era fundamental, agora cada um busca suas próprias motivações para continuar vivendo o caos da cozinha mais famosa de Chicago.
Análise da terceira temporada de O Urso
Quando uma série faz sucesso, consolidando seguidamente duas temporadas e ganhando todos os prêmios no Emmy, é natural que o próximo passo seja o mais difícil. Mas O Urso sabiamente transpassa toda a expectativa da mídia e dos espectadores do mundo real para a pressão que seus personagens vivem dentro da série; se o restaurante The Bear falhar, a série criada por Christopher Storer e a co-showrunner Joanna Calo cairá em desgraça?
Ainda não é o caso. Mas a terceira temporada planta uma série de perguntas à medida que avança entre os seus dez curtos episódios: será que Carmy irá se desculpar com Clare ou, melhor, será que ele será mais flexível pelo bem de seus colegas? Será que Sidney (Ayo Edebiri) continuará no The Bear ou até mesmo enfrentará o amigo? Será que Richie (Ebon Moss-Bachrach) conseguirá superar seus traumas familiares? Será que Natalie (Abby Elliott) conseguirá conviver com a mãe? Será que o restaurante ganhará uma crítica positiva?
São dúvidas atrás de dúvidas que exemplificam a complexidade desses personagens, mas que também revelam como Storer constrói lentamente suas narrativas.
De um ponto de vista, pode parecer que O Urso não tem um foco, o primeiro episódio é todo dedicado à experiência de Carmy (Jeremy Allen White) enquanto aprendiz no restaurante da Chef Terry (Olivia Colman), precisando conviver com as constantes críticas de um chef abusivo chamado David (Joel McHale). Mas esses episódios, nos quais a série dá alguns passos para trás, são essenciais para mostrar por que esses personagens agem da forma que agem no presente.
Carmy alega no final da temporada que sua experiência frustrante com David causou sua ansiedade, mas, para o chef, a constante pressão esmagadora fez Carmy buscar pela excelência.
São paralelos que mostram o quanto esse protagonista ainda está quebrado, emocionalmente e psicologicamente.
Ao querer que o restaurante ganhe sua primeira estrela Michelin, ele impõe à equipe que o menu será trocado todos os dias, sem ao menos levar em conta a opinião de Sid, que é seu braço direito, ou de Richie, que comanda o salão.
Carmy está isolado dos demais, como prova uma frase solta de uma chef no último episódio: “Ouso dizer que o maior erro é trabalhar para um chefe ruim”.
Se, por um lado, Carmy é um excelente cozinheiro, por outro, sua administração unilateral o coloca em uma pespectiva egocentrica que é notada por Sidney, a chef nesta temporada está entre a cruz e a espada.
Depois de toda a sua dedicação para colocar o restaurante nos trilhos, chega a ser insensível e cruel da parte de Carmy invisibilizar a colega. Sid não consegue verbalizar seu descontentamento e, por isso, reluta em assinar um contrato que, no papel, diz que ela é sócia, mas, na prática, a coloca em escanteio.
Não à toa, a chef recebe uma oportunidade em outro restaurante, o que a deixa desconcertada; perceber que sua cozinha tem espaço fora do The Bear é uma surpresa para Sidney, que se limitou a seguir os passos de Carmy e agora passa a compreender sua magnitude.
Ao longo de O Urso, os personagens secundários foram ganhando força e conquistando espaço dentro e fora das telas. Richie deu um grande salto na segunda temporada ao entender seu lugar na equipe; agora, o primo busca seu papel na conjuntura familiar e, acima de tudo, ser um bom pai, enquanto precisa lidar com as desavenças com Carmy.
É interessante como esse personagem ganha novas camadas a cada temporada; seu ar melancólico contrasta com o jeito falastrão, tornando a jornada difícil até mesmo para quem está fora da cozinha do The Bear.
Do mesmo modo, Natalie e a mãe ganham um episódio próprio quando a gerente entra em trabalho de parto. É um momento especial para o show, onde conseguimos mais uma vez ter um vislumbre da família disfuncional e problemática que são os Berzatto.
É genuíno como O Urso consegue lançar um olhar para cada um dos seus personagens, Tina (Liza Colón-Zayas), que também recebe um episódio solo nesta temporada, vive a ansiedade do desemprego em uma direção intimista assinada por Ayo Edebiri.
É claro que O Urso quer manter sua marca de chamar convidados, e alguns nomes famosos surgem na série, ainda que ligeiramente deslocados , não desagradam ao show tanto quanto o tom comico dos irmãos Fak (Matty Matheson e Ricky Staffieri), que uma hora ou outra passam do limite.
A série da FX ainda demonstra talento e encontra sentido em meio ao caos. Seus desvios e episódios dedicados somam a um universo em lenta expansão, que, mesmo com a correria da cozinha, não tem pressa para contar uma boa história.
Veredito
A terceira temporada de O Urso deixa de lado o mantra de “cada segundo conta” para voltar à essência de seus personagens, com episódios dedicados a entender conflitos e frustrações. A série ainda é um dos melhores programas da televisão, oferecendo uma história intrínseca que explora as complexidades da vida cotidiana com autenticidade. Mas, enquanto o restaurante no show busca pela perfeição, O Urso enfrenta o desafio de manter seu status de excelência, pois, uma vez no topo, a queda pode ser maior.
4.0/5.0
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