O Eternauta é a nova série de ficção científica original da Netflix. Criada por Bruno Stagnaro, a produção é uma adaptação da série homônima de quadrinhos criada pelo autor argentino Héctor Germán Oesterheld e Francisco Solano López.
O seriado conta Ricardo Darín, Carla Peterson, César Troncoso e Andrea Pietra em seu elenco. Todos os 7 episódios da temporada já estão disponíveis na plataforma.
Sinopse de O Eternauta
Após nevasca mortal matar milhões de pessoas, John Salvo e grupo de sobreviventes enfrentam ameaça alienígena controlada por força invisível.
Análise
O Eternauta é uma minissérie Argentina, criada por Bruno Stagnaro e baseada na icônica HQ homônima de Héctor Germán Oesterheld e Francisco Solano López. No enredo, acompanhamos Juan Salvo (Ricardo Darín) em mais uma noite jogando truco com seu grupo de amigos, quando uma nevasca mortífera cai sobre Buenos Aires, dizimando grande parte da população em poucas horas.
Diante disso, Juan e seus amigos ficam presos dentro de casa e passam a planejar uma maneira de sair para descobrir a origem desse fenômeno misterioso. A trama se desenvolve de maneira misteriosa e claustrofóbica e, à medida que os personagens vão descobrindo o mistério da nevasca mortífera, são arrastados para uma crise de proporções cada vez maiores.
Dessa forma, os personagens acabam sendo bem desenvolvidos e transmitem toda a angústia de estar naquela situação terrível. O resultado se devem também às excelentes atuações, que contribuem significativamente para envolver o espectador.
Em relação à trama, embora seja baseada em uma HQ de 1959, é inevitável associar a situação dos personagens à pandemia de COVID-19 vivida em 2019. Acredito que para quem desconheça a existência da HQ original, essa associação será imediata.

No entanto, apesar do paralelo com nossa realidade, a história caminha para uma ficção científica que se assemelha ao longa Invasores de Corpos (1978). Ainda assim, o enredo se desenvolve para uma reflexão sobre o verdadeiro significado do herói coletivo diante de uma situação apocalíptica que exige a união de todos para manter a sobrevivência.
Apesar do ator Ricardo Darín ser o protagonista da trama e ter uma excelente presença em cena, outras atuações também se destacam, como a de César Troncoso, que interpreta Alfredo Favalli. Ambos os atores transmitem com autenticidade a personalidade desses personagens da HQ, revelando suas angústias e desconfiança na luta pela sobrevivência. Gostei bastante da interpretação desses atores.
Em relação a adaptação, confesso que logo no primeiro episódio uma alteração que foi feita na narrativa em relação ao material original me causou certo incômodo. No entanto, conforme o episódio se desenvolvia, fui aceitando a mudança, que acabou fazendo sentido como forma de apresentar a série para o espectador que nunca ouviu falar de O Eternauta.
Apesar dessa modificação na narrativa, o escopo da obra original é mantido e respeitado. Embora alterada a ordem dos acontecimentos que, ainda assim, preserva o espírito da HQ.
Outro aspecto interessante da adaptação é como a trama tem uma imensa fluidez e traz cenas de ação excelentes. Outro destaque vai para o excelente uso de CGI, que me surpreendeu pela qualidade, especialmente para uma produção argentina da Netflix. Fica evidente o investimento significativo feito para adaptar uma das obras mais importantes dos quadrinhos argentinos.
De modo geral, O Eternauta é uma adaptação excelente que, mesmo realizando algumas alterações para que a narrativa funcione em outra mídia, me agradou bastante. As mudanças são pontuais e não comprometem a mensagem central da HQ original, que retrata Juan Salvo como um herói coletivo e não como mais um personagem indestrutível diante de um mundo em colapso, onde a sobrevivência diária é uma incerteza.
Veredito
O Eternauta é mais uma das agradáveis surpresas entre as adaptações de quadrinhos. Produzida com muito cuidado e dedicação, com os envolvidos no projeto entregando o máximo tanto nas atuações, quanto na qualidade da produção. A série demonstra um enorme respeito pela obra de Héctor Germán Oesterheld e Francisco Solano López, e certamente contribuirá para que a HQ seja descoberta por novos leitores que ainda não tiveram a oportunidade de apreciá-la.
5,0 / 5,0
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