A Queda da Casa Usher é a mais nova adaptação original da Netflix em parceria com Mike Flanagan, que fizera outras produções na gigante do streaming e agora traz o famoso conto de Edgar Allan Poe para as telas. Este é o último trabalho do cineasta com a produtora.
Sinopse
Roderick e Madeleine Usher (Bruce Greenwood e Mary McDonnell) são irmãos extremamente ambiciosos e conseguem construir um império na indústria farmacêutica.
Entretanto, muito sangue será derramado para que eles consigam triunfar, gerando consequências devastadoras na família.
Análise de A Queda da Casa Usher
A Queda da Casa Usher causou burburinho ao trazer mais uma vez a parceria Mike Flanagan e Netflix juntas após vários projetos que deram super certo e até um certo receio pela fraca produção O Clube da Meia-Noite, que deixou bastante a desejar.
Os dois primeiros episódios não captam a qualidade indiscutível do que vem pela frente, uma vez que a partir do terceiro episódio, A Queda da Casa Usher se torna um produto extremamente envolvente e difícil de largar, como a droga apresentada na trama.
O grande triunfo está nos excelentes e complexos personagens que compõem a história, com atuações muito boas e um roteiro que amarra de forma precisa cada ponta da série.
Não há heróis, e sim, vários membros mesquinhos de uma família que está em ruínas antes de tudo vir abaixo.
Há apenas ganância, mesquinhez e ódio de pessoas que compartilham apenas o mesmo nome, mas que se pudessem, varreriam umas as outras do planeta em um piscar de olhos.
Isso tudo se deve a um sórdido e excêntrico protagonista, Roderick Usher, interpretado brilhantemente por Bruce Greenwood, que apresenta em sua composição várias camadas. As mais superficiais são a sua arrogância, ambição e completa falta de empatia com outros seres humanos. A não ser a sua neta Lenore (Kyliegh Curran), o empresário não ama ninguém, usando seus filhos apenas como peões em um tabuleiro de xadrez em que ele é o rei soberano, intocável.
Flanagan e sua equipe constroem de forma eficiente cada ponto, cada personagem, com detalhes significativos que possibilitam a todos terem seu momento de brilhar. Até os mais secundários conseguem entregar bons momentos por conta de saber trabalhar de forma eficaz com seu elenco de atores que são recorrentes em suas obras e que sabem bem o que o diretor quer.
De fato, apenas dois estão abaixo do que esperamos, que são Mary McDonnell, que parece estar em apenas uma nota, com uma atuação apática, e o ótimo Henry Thomas, que sofre com o pior Usher e que não tem muito o que fazer no papel, apenas tendo alguns espasmos de atuação mais viscerais.
Para quem espera um terror assustador, talvez exista aqui uma decepção com A Queda da Casa Usher, uma vez que a ideia é mais próxima de um suspense sobrenatural do que, de fato, uma série que vai te deixar sem dormir.
Há bons sustos com jump scares bem trabalhados, principalmente nos devaneios de Roderick, ou uma que outra cena mais violenta por conta das mortes brutais que ocorrem aqui. O texto consegue nos deixar ansiosos para saber quem será a próxima vítima e a forma com que tal pessoa vai partir dessa para melhor.
De negativo apenas os longos episódios que podem ser bem maçantes para aqueles menos pacientes. Há um texto duro e bem construído, com várias alegorias e referências aos diversos poemas e contos do brilhante Edgar Allan Poe. A duração de uma hora é demasiada, mesmo que se justifique para contar a história de maneira completa e satisfatória, o que ocorre aqui com facilidade.
Veredito
A Queda da Casa Usher é um encerramento perfeito da parceria Mike Flanagan e Netflix, visto que eles se despedem de uma forma bastante concreta e visceral com um enredo poderoso e que nos deixa intrigados do início ao fim.
Com boas atuações e uma direção e roteiro inspirados, a série se coloca como uma das melhores do ano, sendo essencial para quem ama terror ou boas tramas policiais e sobrenaturais.
4,5/5,0
Confira o trailer: