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    CRÍTICA – A Casa do Dragão entrega sangue e fogo em sua segunda temporada

    A Casa do Dragão chegou ao seu segundo ano e está com todos os episódios disponíveis no catálogo do Max. A série foi criada por Miguel Sapochnik e Ryan J. Condal.

    Sinopse

    Após os conflitos se iniciarem com a morte de Lucerys (Elliot Grihault), Rhaenyra (Emma Darcy) e Aegon (Tom Glynn -Carney) reúnem sus tropas para o principal confronto pelo Trono de Ferro.

    Análise da Segunda Temporada de A Casa do Dragão

    Se na primeira temporada de A Casa do Dragão o que levou o público de volta a Westeros foi o sucesso de sua antecessora, agora é a trama intensa e penetrante que mantém o mesmo público fiel. Ainda assim, em sua segunda temporada na HBO, a série produzida por Ryan J. Condal e George R. R. Martin foge das expectativas criadas pelos fãs e estabelece seu próprio ritmo, mostrando que de fato é diferente de Game of Thrones.

    Originalidade é o que não falta em A Casa do Dragão. O próprio show deriva de um livro de histórias fragmentadas, onde não se sabe o que é verdade e o que é invenção, o que também dá grande liberdade para que os produtores possam reinventar as histórias dos personagens. O que parece é que A Casa do Dragão anda com suas próprias pernas, e muito bem, por sinal. A segunda temporada foi uma roda infinita de ação e reação, ou seja, para cada ato cometido em nome de algum Rei ou Rainha, uma consequência que leva a fogo ou sangue.

    Do lado dos Verdes, a morte de Lucerys (Elliot Grihault) por Aemond (Ewan Mitchell) e Vhagar fez com que o filho de Aegon (Tom Glynn-Carney) e Haelena fosse assassinado em sua cama. Na primeira temporada, a família de Porto Real estava mais imersa em seus conflitos internos; porém, com a guerra, cada um toma um rumo diferente a medida que os acontecimentos os afastam. Aegon é um rei sem força, apenas para satisfazer a corte e seus amigos; sua imprudência e mesquinhez o levam a quase ser morto pelo próprio irmão. Já Aemond é pura vingança e frieza, que, quando contrariado, revela também ser um menino mimado com uma das maiores armas do mundo. Enquanto na primeira temporada o príncipe buscava seu lugar, agora percebe que um trono e um dragão não são o bastante em uma guerra.

    Para Alicent (Olivia Cooke), que foi afastada de todo o centro de poder de Westeros ao ser renegada pelos filhos e pelo amante Criston Cole (Fabien Frankel), a guerra traz um ar de liberdade. Em meio a algo que ela mesma plantou, a Rainha Mãe busca principalmente se encontrar e, assim, um novo propósito. Ao ser descartada por homens que ela colocou no poder, fica sozinha, como se só servisse para servir quando requisitada, seja como filha, esposa ou mãe. É interessante como a personagem vai, aos poucos, se desprendendo de suas amarras sociais para acabar a temporada fitando um horizonte infinito.

    Do outro lado, os Pretos começam a temporada percebendo que estão em grande desvantagem em aliados e espadas. Os atos de Daemon (Matt Smith) o afastam de Pedra do Dragão, dando um próprio arco ao personagem que, na primeira temporada, ia e voltava para a trama. Em Harrenhal, o príncipe ou rei consorte precisa encarar sua própria verdade. A coroa nunca cai para quem a almeja; suas alucinações preparam o personagem para aceitar seu verdadeiro destino, embora a série pudesse abordar melhor a mudança de pensamento. A trama de Daemon pode ser entediante, mas é necessária na medida que se aprofunda nos ensaios do personagem, na mesma medida que joga luz para as Terras Fluviais, explorando mais um incrível canto de Westeros.

    Em sua ilha, Rhaenyra (Emma D’Arcy) passa a temporada entre a incerteza e a lucidez, cercada por um Pequeno Conselho que acredita que a Rainha deva atacar a todo custo. A escolhida de Viserys pondera suas ações, mas percebe que uma hora ou outra precisará agir. Sua conversa com Alicent no Alto Septão lhe dá a chama necessária, e o plano de Mysaria (Sonoya Mizuno) em convocar os bastardos para serem as sementes de dragão traz de vez o comprometimento com a guerra. Rhaenyra se arma tanto de aliados quanto de dragões e espadas. Para quem começou buscando a pacificação, termina aceitando um destino cruel que a torna escrava de profecias. Rhaenyra e Alicent funcionam como espelhos que refletem a cada momento o que a outra não pode ser ou ter: se uma está livre, a outra está presa e vice versa.

    A segunda temporada de A Casa do Dragão é um arco de construção, por vezes lento, mas que configura o que a torna uma excelente série; nada é por acaso. Até mesmo outros personagens, como Jacerys (Harry Collett), que busca se legitimar para si mesmo, Rhaenys (Eve Best) em seu apoio à sobrinha, Corlys (Steve Toussaint) na procura de um herdeiro, Otto (Rhys Ifans) estabelecendo as narrativas em Porto Real, Larys (Matthew Needham) tentando alcançar a mão do rei, e Cole percebendo que a guerra com dragões trará a morte a todos, desempenham tramas magistrais. Nesse sentido, existe uma linha tênue que mostra como A Casa do Dragão evoluiu em narrativa ao trazer significado para todos os seus personagens. É uma série única que junta história e personagens excepcionais a uma direção cheia de detalhes e atenta a tudo.

    Veredito

    A segunda temporada de A Casa do Dragão se afirma como uma narrativa poderosa e independente, capaz de capturar a atenção do público com sua originalidade e profundidade emocional. A série oferece um desenvolvimento rico dos personagens, que evoluem em meio a um cenário de guerra e intrigas, destacando-se por sua habilidade de explorar as complexidades do poder e da lealdade em Westeros. Cada episódio é um delicado equilíbrio de ação e estratégia, mostrando que para cada ação, há uma reação inevitável e muitas vezes trágica.

    Nossa nota

    4.5/5.0

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