A terceira temporada de Yellowjackets está disponível no Paramount+ com todos os 10 episódios.
Sinopse
Uma equipe de talentosas jogadoras de futebol do ensino médio torna-se um grupo de sobreviventes após um acidente de avião nas profundezas de Ontário.
Análise da 3ª temporada de Yellowjackets
O que impede a terceira temporada de Yellowjackets de ser realmente boa é, ironicamente, o que mais se destaca na série: seus mistérios e segredos.
É comum produções de sucesso alongarem seus enredos para manter o público engajado, mas a série da Showtime não só faz isso como também insiste em criar narrativas desnecessárias para evitar respostas. O resultado é uma temporada inconsistente e exaustiva, que se arrasta propositalmente cena após cena.
Mais uma vez, acompanhamos o grupo de jovens tentando sobreviver na floresta. O inverno já passou, e agora, na primavera, as sobreviventes formaram uma pequena comunidade. Construíram cabanas, cuidam de animais, continuam caçando e mantêm seus rituais em meio à natureza. Natalie (Sophie Thatcher), eleita a “Rainha dos Chifres”, lidera essa nova ordem, tentando criar um senso de unidade — mas, obviamente, sabemos que isso está longe de ser realidade. Até sua relação com Travis (Kevin Alves) perdeu força, tornando o personagem ainda mais irrelevante.
Shauna (Sophie Nélisse), por sua vez, está cada vez mais tomada por ódio, direcionado a tudo e a todos. Dado o trauma que enfrentou na última temporada, essa raiva faz sentido.
É ela quem lidera a caçada ao treinador Ben (Steven Krueger), que acaba sendo julgado pelas Yellowjackets.
Esses momentos são alguns dos mais potentes da série, com uma discussão sobre poder feminino e sobre como essas jovens criaram seu próprio sistema de sobrevivência.
O próprio Ben reconhece isso ao afirmar que elas se tornaram independentes e ele, obsoleto. Há uma crítica interessante ao patriarcado, que, infelizmente, se dilui conforme o roteiro se perde.
Em paralelo, Van (Liv Hewson) e Taissa (Jasmin Savoy Brown) estão cada vez mais apaixonadas, tanto no passado quanto no presente. Embora as versões adolescentes sejam mais intrigantes, as adultas também têm boa química.
O problema, como sempre, é a falta de uma trama realmente envolvente para o elenco mais velho. Ainda no passado, Misty (Samantha Hanratty) é escolhida para defender Ben da acusação de ter incendiado a cabana durante o inverno. Mesmo com menos tempo de tela, ela continua sendo uma das personagens mais interessantes da série.
Para completar, temos a adição de Melissa (Nicole Maines), um interesse amoroso de Shauna que parece uma seguidora cega, pronta para aceitar tudo o que ela disser. E a doce Akilah (Nia Sondaya), que acaba cedendo à pressão de Lottie (Courtney Eaton) para “se comunicar” com a floresta.
Mais uma vez, a série recorre à velha pergunta: os sussurros da floresta são sobrenaturais ou apenas reflexos de traumas não processados? Ainda não há respostas concretas — e, certamente, estamos longe de obtê-las.
No presente, a situação piora. Após a morte da Natalie adulta (Juliette Lewis), esperava-se que as sobreviventes refletissem sobre seus atos e motivações. No entanto, tudo soa artificial e sem emoção. Para justificar a presença de Shauna (Melanie Lynskey) e Misty (Christina Ricci), surge mais uma morte. Já Van (Lauren Ambrose) e Taissa (Tawny Cypress) ficam presas na trama do câncer, que poderia ser um gancho interessante para o sobrenatural, mas simplesmente não leva a lugar nenhum.
A sensação é que os criadores Ashley Lyle e Bart Nickerson se perderam. Esqueceram o que fazer com essas personagens e como tornar seus traumas relevantes. Yellowjackets ainda é uma série cativante, mas exige uma enorme suspensão de descrença. E, mais do que isso, é preciso ter paciência com cenas bobas e sem graça para, eventualmente, encontrar algo que valha a pena. Com a série perdida em sua terceira temporada, só resta torcer para que os criadores encontrem a saída da floresta no próximo ano.
Veredito
A terceira temporada de Yellowjackets está completamente sem rumo, e só o elenco jovem ainda sustenta o que restou do brilho da série. Os mistérios continuam, mas se arrastam em um jogo cansativo de enrolação. O mais preocupante, porém, é o apagamento das personagens adultas, presas em tramas rasas e sem motivação real. Se os criadores quiserem recuperar a confiança do público, precisarão reencontrar o coração da série.
2.5/5.0
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