Scrap Riders é o mais novo jogo do selo indie da publisher francesa Microids. Desenvolvido pela Games for Tutti, o título em pixel art mistura os gêneros aventura, beat’em up, point and click e puzzle para criar uma narrativa que se passa num futuro cyberpunk em que humanos e máquinas coexistem.
Você controla Rast, um contrabandista rabugento dono de um humor ácido e pouco respeitado por seus colegas motoqueiros. Além de dar nome ao jogo, Scrap Riders também é como se chama a gangue da qual o personagem principal faz parte.
O cruel mundo pós-apocalíptico é dominado por grandes corporações como a Better World Corporation. Para ser livre é preciso viver longe das metrópoles, em locais como Wastelands. O objetivo é sobreviver a essa terra corrupta e sem lei, fazer sua gangue varrer do mapa outros grupos criminosos, além de desmascarar a conspiração por trás dos roubos de cargas.
Scrap Riders está disponível para Nintendo Switch e PC via Steam. Confira o review sem spoilers do jogo para o console híbrido da Nintendo.
Análise de Scrap Riders
Scrap Riders é uma aventura old school não apenas pela pixel art, como também pelo andar um tanto devagar. Os elementos point and click me lembraram os primeiros point and click que joguei na vida, nos longínquos tempos do meu Windows 95.
O jogo inicia no quarto bagunçado de Rast. Em meio à bagunça estão alguns itens com os quais podemos interagir para se familiarizar com os comandos de visualizar, tocar e conversar. Também servem para acessar os breves tutoriais objetivos, que apresentam as primeiras mecânicas de combate.
Após as breves interações, Scrap Riders logo pega no tranco, mas sem dar muitas instruções do que fazer a seguir. Essa é uma constante no jogo, mas que depois é balanceada pela possibilidade de pedir dicas para o seu colega robô, 50n1.
Me atrapalhei um pouco no começo, mas depois de superada a primeira área e de poder interagir com o robô tudo fluiu melhor. Acredito que essa balanceada proporcionada uma experiência adequada ao game, que também tem como objetivo a investigação típica de um bom point and click.
Por ser bem focado na narrativa, Scrap Riders peca por ter balões de diálogo muito pequenos. Neles cabem frases de duas linhas, fazendo com que leve muito tempo para passar todas as falas.
Eventualmente é preciso interagir com NPCs selecionando determinadas respostas para que novas opções surjam, o que exige bastante atenção para evitar escolher uma alternativa errada que te obrigue a recomeçar toda a conversa vagarosa. Isso torna a experiência mais longa do que o necessário e por vezes frustra.
O roteiro de Scrap Riders é muito divertido e inteligente. As críticas sociais, o sarcasmo, a zoação que Rast sofre constantemente e as referências a elementos da cultura pop e a fatos históricos história do mundo estão por toda parte. Aliás, a importante presença do ato de hackear (por meio de puzzles rápidos) e o conceito por trás da Better World Corporation destacam que, provavelmente, o pessoal da Games for Tutti se inspirou no maravilhoso seriado Mr. Robot.
É engraçado também ver que o jogo não se leva a sério, como no print abaixo em que Rast ironiza um NPC por estar agindo como um NPC.
Eu sou fã de jogos beat’em up e, como tal, não poderia deixar de conferir Scrap Riders. O combate é bom e desafiador, há uma boa diversidade de comandos que oferecem uma dose extra de estratégia, mas a movimentação poderia ser um pouco mais fluida. De qualquer forma, o saldo dos momentos em que o beat’em up predomina é positivo.
Esses momentos também se destacam pelo level design bem feito. Há situações em que a exploração dos ambientes é necessária, ao mesmo tempo em que você precisa quebrar todo mundo. Uma parte do jogo exige que você faça isso enquanto a luz liga e desliga com frequência, tornando o ambiente um verdadeiro adversário letal.
Outro ponto positivo de Scrap Riders é que ele não é linear. Chega em um ponto do jogo que você pode escolher em qual região do mapa deseja ir, e a história te faz voltar em áreas passadas para pegar algum item necessário para seguir avançando.
Entretanto, como se trata de uma gangue de motoqueiros, senti falta da possibilidade de fazer esses trajetos de moto, ou que de alguma forma o automóvel fosse presente ao longo de toda a aventura.
Veredito
Com uma potencial duração de até 10 horas de gameplay, Scrap Riders diverte ao proporcionar uma boa experiência investigativa cheia de sarcasmo e pancadaria. A mistura entre os gêneros aventura, beat’em up, point and click e puzzle é bem feita, mas peca em alguns aspectos que deixam o jogo um pouco lento.
3,7 / 5,0
Assista ao trailer de Scrap Riders:
Informações técnicas de Scrap Riders
Lançamento: 9 de janeiro de 2023
Desenvolvedora: Games for Tutti
Publisher: Microids Indie
Plataformas disponíveis: PC (via Steam) e Nintendo Switch
Número de jogadores: 1
Gêneros: Aventura, Beat’em Up, Point and Click e Puzzle
Idiomas: Alemão, Espanhol, Francês, Inglês e Italiano