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    REVIEW – Mark of the Deep se destaca por proposta diferenciada à temática pirata

    Anunciado em 2023 e desde então muito aguardado, Mark of the Deep foi lançado neste dia 24 de janeiro para PC. O jogo brasileiro desenvolvido pela Mad Mimic e publicado pela Light Up Games também terá versões para consoles no futuro, com o game previsto para chegar ainda em 2025 para Nintendo Switch, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.

    Mark of the Deep é um metroidvania com elementos de soulslike em que você controla Marcus “Rookie” Ramsey, um pirata perdido que deve usar o poder das misteriosas Marcas para enfrentar mais de 80 inimigos únicos, 16 chefes desafiadores e desvendar os segredos ocultos da ilha.

    A ilha misteriosa onde Rookie se perdeu está possuída pela corrupção abissal, que afeta todos os personagens da ilha, exceto o protagonista. É seu dever ajudá-los completando missões, lidando com decisões difíceis e descobrindo finais múltiplos nessa jornada.

    O jogo brasileiro contou com um elenco de dublagem composto por personalidades do mercado gamer. No casting estão Ana Xisdê, Bastet, Calango, Coelho no Japão, Daniels, Enaldinho, Gianzetta, Gustavo DociL, Guto Barbosa, Haru, Jinki, Kalera, Luh Setra, Mary Chii, Max Palaro, Mount, Patife, Rakin, Taneko, Tetéia, Thaiga, Thamas Morelli, Tiago Leifert e Triz Pariz.

    Confira a seguir o review sem spoilers de Mark of the Deep jogado no PC.

    Análise de Mark of the Deep

    O Brasil agora conta com uma boa aventura pirata no mundo dos games, imaginada de modo bem original e com um estilo gráfico que se destaca. Piratas e monstros cartunizados inseridos numa gameplay com visão isométrica e ambientação sombria são características que chamam atenção logo de cara.

    Esse é o tom de Mark of the Deep, novo jogo do estúdio indie brasileiro Mad Mimic, responsável por games conceituados como Dandy Ace (2021) e No Heroes Here (2017). O título oferece uma gameplay metroidvania com alguns elementos de soulslike. Também há um foco narrativo graças ao extenso trabalho de dublagem de dezenas de personagens.

    A jornada começa como todo metroidvania clássico: o protagonista está perdido num local misterioso e precisa adquirir habilidades e aprimorar equipamentos, enquanto tenta entender o que aconteceu.

    Em Mark of the Deep há também dois grandes mistérios logo de cara: por que Rookie não é afetado pela corrupção abissal que assola os seres presos na ilha misteriosa, e o que aconteceu com seus colegas de tripulação.

    O jogo começa de modo bem objetivo, ensinando os poucos movimentos básicos que estão disponíveis inicialmente. É a oportunidade de já sair lutando contra monstros para testar os ataques ágil e pesado, além da esquiva. Cedo no trajeto também é quando se obtém a primeira poção, que será muito útil.

    As primeiras mortes também já servem para situar que não se trata de um soulslike altamente punitivo. Você salva o progresso em totens que parecem uma grande esmeralda espalhados ao longo da aventura, e sempre que morrer irá retornar ao local onde salvou por último. No entanto, dinheiro e itens do inventário não são perdidos a cada derrota, o que eu particularmente gostei.

    Novo jogo do estúdio independente brasileiro Mad Mimic conta com dublagem feita por influenciadores e personalidades do mercado gamer
    Ambientação sombria é um ponto forte do jogo | Créditos: Mad Mimic / Divulgação

    Mark of the Deep é bastante desafiador. Há uma boa variedade de inimigos em cada local, e em alguns deles o bicho realmente pega. É o caso da diversidade de adversários da Floresta Abissal, que envolve desde pequenas plantas explosivas, passando por plantas-carnívoras, até mesmo uma espécie de tubarão mutante com um pedaço de madeira na cabeça.

    Há momentos da jornada em que você se depara com um local aparentemente vazio, mas logo os arredores se fecham e é preciso enfrentar pequenas ondas de inimigos para desbloquear o caminho. Nessas situações a variedade de adversários costuma ser letal, especialmente se o ambiente for pequeno e dificultar a esquiva.

    O lado positivo para quem gosta de soulslikes desafiadores, mas não de uma experiência quase impossível, é que os chefes e minichefes (como essas pequenas hordas) não são revividas a cada vez que você recupera vida e salva seu progresso nos totens.

    Combate e exploração são destaques

    As mecânicas de combate e a progressão do inventário e das habilidades são os pontos mais fortes de Mark of the Deep. Como mencionei, o jogo é bastante desafiador e exige atenção aos movimentos de uma grande quantidade de tipos diferentes de inimigos.

    Outro ponto que se sobressai é a exploração do jogo. O ambiente cartunizado e com uma atmosfera sombria é bastante escuro, e nessa escuridão há diversas pequenas passagens que você vai precisar treinar bem o seu olhar para encontrar.

    Por vezes é mais fácil saber que deixou passar algum esconderijo, pois verá um baú ou uma alavanca em algum lugar no ambiente, porém aparentemente inacessível. Mas em outras situações, especialmente nas masmorras, explorar deve ser um ato de muita atenção para conseguir encontrar uma passagem escura ou um lugar por trás de uma parede que a visão de cima não lhe permite ver.

    Jogo brasileiro Mark of the Deep traz uma história de piratas com gameplay metroidvania e soulslike. Leia nossa análise completa.
    É preciso explorar cada canto dos ambientes em Mark of the Deep | Créditos: Emerald Corp

    Apesar dos acertos na progressão da gameplay, Mark of the Deep não consegue valorizar o enredo nas primeiras horas de jogo. A animação de abertura é bem feita e a contextualização geral está ali, mas poderia ter um desenvolvimento melhor de Rookie ou da importância das missões nesse momento inicial.

    O sistema de missões também poderia ser melhor se houvesse uma priorização delas no menu. Todas estão ativas sem ter boas indicações visuais do que é mais importante, assim como não há um senso de recompensa para além do momento em que você derrota o primeiro chefão e percebe: ok, aqui eu sei que realmente fiz um progresso.

    Uma missão relativamente cedo em Mark of the Deep que evidencia bem a falta do senso de recompensa é a referente às relíquias. Quando essa missão é habilitada, a personagem da quest indicará que lhe dará recompensas ao trazê-las, e provavelmente você já vai ter encontrado ao menos uma relíquia.

    Então poderá entregar quantas tiver no seu inventário, mas nada acontecerá. Na verdade, a recompensa só virá quando todas forem entregues, mas a mensagem inicial é dúbia, e não há algo que indique que, ao menos, foram entregues X relíquias naquele momento.

    Um outro ponto que contribui para essa sensação de pouca importância no progresso inicial é a trilha sonora. A ambientação musical é boa, pois constrói uma atmosfera sombria, mas num geral ela está sempre no mesmo tom. Falta um ápice nas primeiras horas no entorno do Acampamento dos Sobreviventes, assim como efeitos sonoros que indiquem que você está progredindo, mesmo nas pequenas ações.

    Apesar disso, a trilha sonora é muito boa, e o uso dela é mais impactante em locais como a já mencionada Floresta Abissal, onde uma ótima sinfonia contribui para o aumento da adrenalina.

    Essa pouca valorização do enredo nas primeiras horas, em conjunto com a falta de sinalização de pequenos progressos e da hierarquia das missões pode ser um pouco frustrante para quem espera desde cedo mergulhar numa aventura intensa, ao mesmo tempo em que se aprofunda num enredo rico.

    Em outras palavras e aproveitando o contexto pirata: falta um gancho no começo da aventura para fisgar de vez o público que deseja algo além da exploração metroidvania e do combate soulslike.

    Veredito

    Mark of the Deep se destaca pelo seu belo estilo artístico e pela gameplay que honra o que há de melhor na exploração e no progresso dos jogos metroidvania, em harmonia com a intensidade e as mecânicas dos soulslike. Um título brasileiro que merece ser conferido por fãs de games dos gêneros mencionados e de visão isométrica.

    Nossa nota

    4,2 / 5,0

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    Assista ao trailer:

    Ficha técnica de Mark of the Deep

    Lançamento: 24 de janeiro de 2025

    Desenvolvido por: Mad Mimic

    Publicado por: Light Up Games

    Plataformas: PC (via Steam, Epic Games Store e GOG). Previsto para chegar aos consoles no futuro.

    Número de jogadores: 1

    Gêneros: Metroidvania, Soulslike, Visão Isométrica

    Idiomas: Português e Inglês (interface, legendas e dublagens). Demais idiomas sem dublagens: Francês, Alemão, Japonês, Coreano, Russo, Chinês simplificado, Espanhol (América Latina), Chinês tradicional e Turco

    Preços: Versões a partir de R$ 39,99

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