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    REVIEW – Ghost of Yōtei: vingança, chuva perfeita e uma nova aventura pelas paisagens do Japão

    Voltar a um universo que você já amou é, sempre, um risco, pois a cada paisagem e combate existem expectativas pesadas e memória afetiva. Ghost of Yōtei, jogo exclusivo para PlayStation 5 lançado em 2 de outubro, chega carregando esse peso, afinal é herdeiro espiritual de Ghost of Tsushima e sabe disso.

    Ainda assim, consegue ser ao mesmo tempo familiar e plenamente próprio. Passei horas com o jogo e saí com a sensação de ter vivido um filme de samurai: bonito, afiado e com alguns cortes bem calculados.

    Logo no começo fica claro o capricho narrativo da Sucker Punch: a história te envolve rápido. A protagonista Atsu tem motivações que não soam vazias e o roteiro equilibra momentos de fúria com pausas de silêncio e reflexão.

    As cenas cinematográficas impressionam pela fotografia e, na maioria das vezes, pela expressividade. Não são falas engessadas, há calor, ruídos e sutilezas que empurram a história adiante sem apelar para artifícios óbvios. Essa carga emocional e o tom mais direto do enredo são dois dos aspectos que eu mais gostei.

    Tecnicamente o jogo é incrível. Chuva que bate e escorre no chapéu tradicional da personagem, roupas que empapam, lama que “adere” aos movimentos. São todos esses pequenos detalhes que, juntos, dizem muito sobre a ambição do estúdio.

    Fiz várias pausas no modo foto porque, sério, é praticamente irresistível, e o controle sobre clima, partículas e iluminação transforma cada captura num quadro. No meu PS5, em modo desempenho, a experiência gráfica me deixou boquiaberto mesmo com a prioridade em FPS e isso confirma o trabalho de otimização que a equipe fez.

    REVIEW - Ghost of Yōtei: vingança, chuva perfeita e uma nova aventura pelas paisagens do Japão
    Explorando as belezas do jogo no modo foto | Créditos: Emerald Corp

    O combate é, para mim, o núcleo pulsante do jogo: brutal, responsivo e com camadas táticas. Uma coisa que achei interessante, e que vale mencionar porque muda a dinâmica das lutas, é a necessidade frequente de alternar armas em espaços curtos de tempo.

    Isso cria combates intensos onde timing, leitura e trocar de postura/arma na hora certa fazem a diferença. Apesar de fluido exige atenção e chegou a me deixar um pouco apreensivo até se tornar mais natural, ou seja, é divertido e exigente o bastante pra não virar só “apertar botão”.

    Sobre mundo aberto: Ghost of Yōtei acerta ao preservar a ideia de exploração orgânica. Em vez de segurar pela mão, o jogo convida a descobrir pistas no cenário, a seguir roteiros ambientais e a se deixar perder. E isso funciona muito bem quando a paisagem é dessa qualidade. O HUD minimalista é a prova de que eles realmente te querem completamente imerso no mundo que criaram.

    As side quests de caça que joguei trazem pequenas histórias com recompensa narrativa, evitando aquela repetição mecânica sem graça que tantos mundos abertos sofrem. Já no aspecto sonoro, o jogo também acerta: trilhas que acompanham e amplificam a atmosfera, efeitos que dão peso a cada golpe, e opções de dublagem que respeitam preferências.

    Eu, por exemplo, joguei com a dublagem em português e curti bastante, mas há alternativas em inglês e japonês para quem preferir. Além disso, há novamente a possibilidade de usar filtros cinematográficos com o retorno do Kurosawa e a adição dos modos Miike e Watanabe, o que reforça a atenção dedicada ao espectador-jogador que gosta de compor sua própria experiência visual.

    O desempenho me surpreendeu: jogando por muitas horas, minha experiência foi tranquila. Encontrei texturas ou objetos fora do lugar eventualmente (aqueles “pepinos” técnicos que sempre aparecem), mas nada que exigisse reiniciar o jogo ou comprometesse sessões longas.

    Mas há críticas que não posso ignorar: por ser herdeiro de um título tão querido, Yōtei às vezes caminha sobre terreno seguro demais. Muitas mecânicas lembram o que já vimos, o que acaba dando a sensação de que não tivemos um avanço radical de inovação, mas sim um refinamento.

    Senti menos “revolução” e mais “elevação do que já era ótimo”. Para quem esperava algo que quebrasse totalmente a fórmula, talvez falte esse choque de novidade. Ainda assim, aprimorar pontos já fortes tem seu mérito.

    No balanço final, Ghost of Yōtei me entregou aquilo que eu queria quando comecei a jogar: estética impecável, combate com substância, mundo que convida a explorar e uma história que importa. É grande, ambicioso e, apesar de algumas repetições típicas do gênero, é um trabalho com identidade e muita qualidade.

    Veredito

    Se você curte ação com alma cinematográfica, aprecia um mundo que respira e não liga de alternar estratégias em combate para sentir que “ganhou” cada vitória, esse é um título que vale entrar na sua coleção.

    Na minha opinião, o jogo merece nota alta: finalizei minha análise pessoal com um 4,5, não por perfeição absoluta, mas por excelência consistente e por me fazer querer continuar explorando cada canto daquele mundo.

    Nossa nota

    4,5 / 5,0

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    Assista ao trailer:

    Ficha técnica de Ghost of Yōtei

    Lançamento: 2 de outubro de 2025

    Desenvolvido por: Sucker Punch Productions

    Publicado por: Sony Interactive Entertainment

    Plataformas: PlayStation 5

    Número de jogadores: 1

    Gêneros: Ação, Aventura, Mundo Aberto

    Idiomas: Alemão, Chinês (simplificado), Chinês (tradicional), Coreano, Croata, Dinamarquês, Espanhol, Espanhol (México), Finlandês, Francês (França), Grego, Holandês, Húngaro, Inglês, Italiano, Japonês, Norueguês, Polonês, Português (Brasil), Português (Portugal), Russo, Sueco, Tailandês, Tcheco, Turco, Árabe

    Preços: Versões a partir de R$ 399,90

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