Os Roses: Até Que A Morte os Separe (The Roses) é o novo longa do diretor Jay Roach e do roteirista Tony McNamara. A produção é uma releitura da obra The War of the Roses, livro escrito por Warren Adler.
A produção conta com Olivia Colman, Benedict Cumberbatch, Kate McKinnon, Andy Samberg, Ncuti Gatwa e Sunita Mani no elenco principal.
Na história, Ivy (Olivia Colman) e Theo Rose (Benedict Cumberbatch) têm carreiras de sucesso, um casamento amoroso e filhos incríveis. Mas por trás da fachada da vida ideal, acontecimentos tornam o relacionamento do casal em uma bomba-relógio de competição e ressentimentos.
A Emerald Corp participou de uma coletiva de imprensa por videoconferência com os atores Benedict Cumberbatch e Olivia Colman. Houve também um momento dedicado a entrevistar o diretor Jay Roach.
Confira a entrevista com Olivia Colman e Benedict Cumberbatch.
Benedict e Olivia falam sobre a experiência de dar vida a Theo e Ivy
Pergunta da Emerald Corp: Os fãs esperaram muito tempo para ver vocês dois juntos na telona, e é especialmente significativo que isso tenha acontecido com uma história tão conhecida. Como foi a experiência de interpretar esses personagens e finalmente trabalharem juntos?
Olivia Colman: Ótima!
Benedict Cumberbatch: Muito divertido. E, sabe, seria impossível nos decepcionar, afinal estávamos tão ansiosos para trabalhar juntos, não é?
Olivia: Oh, sim!
Benedict: Superou as expectativas. E, sabe, essa era a única coisa que me deixava nervoso. Eu pensei: “No papel, isso deveria ser muito divertido. Se não for, há algo errado comigo”. E foi ótimo.
Olivia: Foi ótimo. Sinceramente, nos divertimos muito. Foi uma experiência adorável.
Benedict: E isso vem da nossa amizade. Quero dizer, dissemos várias vezes que queríamos trabalhar juntos, desde que nos conhecemos ao longo dos anos. A equipe se reuniu e apresentou a ideia de uma reimaginação de A Guerra dos Roses. E o Tony apresentou o roteiro dele e depois escreveu, e ficou brilhante.
Qual foi a importância de ter Tony McNamara como roteirista para que vocês aceitassem esse projeto?
Benedict: Muito importante.
Olivia: Muito importante. Mas, na verdade, já tínhamos dito sim porque meio que estávamos envolvidos desde o começo do projeto. Tony também estava desde o início. Então, no fundo, tudo já estava praticamente fechado.
Benedict: Sim.
Olivia: Mas aí, sabe, ele se afastou um pouco. E, obviamente, muito trabalho entra nisso, mas para ele parece tão natural. E ele escreveu, nós lemos e pensamos: “Ah, isso é ótimo”.
Benedict: Brilhante. Brilhante. Mal podíamos esperar para fazer.
Olivia: Sim. Ele é incrível. Somos muito sortudos.
Benedict: Sim, realmente somos. E, como você apontou antes, e vale destacar, ele é incrivelmente generoso. Não é possessivo como escritor. É muito colaborativo.
Olivia: O que facilita muito.
Benedict: Sim. É uma prova incrível de como ele é brilhante, conseguir ser colaborativo como escritor é uma força enorme.

Pergunta da Emerald Corp: O filme constrói o casamento de Ivy e Theo de uma forma única. Eles passam de um casal aparentemente perfeito a se tornarem o pior pesadelo um do outro. Como foi dar vida a esse relacionamento, especialmente nos momentos que são engraçados e um pouco agressivos?
Olivia: Achei realmente divertido.
Benedict: Foi muito divertido mesmo. Teve um momento em que eu fiquei meio perdido porque estava sendo tão divertido. A toxicidade vai se instalando de forma cronológica durante as filmagens, porque fica realmente ruim quando eles estão na casa e a casa era o último set, sabe, meio que o terceiro personagem do casamento de várias formas, além das crianças… Segundo ou terceiro. Talvez quarto. Enfim (risos).
Benedict: O ponto é que é uma grande parte do relacionamento. E, portanto, é aí que tudo realmente acontece, no final do cronograma. Lembro-me dos primeiros dias naquele set, pensando: “Uau, agora está ficando bastante intenso”.
Olivia: Sim!
Benedict: Só queria conferir com minha amiga se está tudo bem, eu e meu coração bobo e sentimental. Mas isso também mostra o que Tony consegue fazer: algo que era confortável se torna, de forma muito sutil e com nuances, efetivamente desconfortável.
Benedict: Quando você pensa: “Estamos bem. Ok, vamos nos divertir jogando coisas horríveis um no outro”.
Olivia: Jogando merda (risos).
Benedict: Bolo, laranjas, armas… e até a fisicalidade disso era divertida.
Olivia: Mas o sonho de interpretar tantas coisas diferentes em um só trabalho, meio que conseguimos fazer isso, né?
Benedict: Sim. Conseguimos mesmo. Com tudo. Então, obrigado, Tony. Isso é basicamente uma carta de amor para Tony McNamara.
Olivia: Sim!
Bendict: Tipo: “Escreva outra pra gente”. Continue escrevendo, sabe?
Os Roses retrata Ivy e Theo como um casal cujas vidas se desfazem sob pressão. Como vocês trabalharam juntos como atores para retratar esse desmoronamento emocional de forma autêntica?
Benedict: Desmoronando como pessoa.
Olivia: (risos)
Benedict: Tendo um colapso completo e total. Sinto que sempre volto a falar de Tony McNamara. Mas se você tem um roteiro assim para trabalhar, você tem diretrizes muito fortes. E você tem Jay, que quase não mencionamos, mas deveríamos. Não apenas porque precisa ser mencionado, mas porque ele foi nosso diretor e foi brilhante em dominar esses momentos.
Diretor de Os Roses destaca a visão contemporânea da releitura de 2025
Os Roses é adaptado de um romance que foi levado às telas pela primeira vez em 1989. Ao revisitar a história em um contexto contemporâneo, quais aspectos você mais quis destacar ou reinterpretar para o público de hoje?
Jay Roach: Eu adoro o filme original. Danny DeVito é um dos meus ídolos, e ele até esteve em um filme comigo uma vez. Ele interpretou o Mini Me em Austin Powers 3, o que adoro relembrar. Eu amo a ousadia do filme original (de Os Roses). Era tão sombrio e retratava de forma incrível a disfunção e o caos total, mas quando recebi o roteiro incrível de Tony McNamara, pensei que havia a oportunidade de levar a um outro nível de comprometimento emocional entre os dois personagens.
Acho que dá para dizer que está atualizado de certa forma, porque ambos os personagens estão trabalhando. Os dois são ambiciosos. Mas não é exatamente uma inversão de gênero, é mais uma história sobre a armadilha, o tipo de perigo de deixar o ego e a ambição dominarem sua vida.
E, na verdade, eles são dois lados da mesma moeda. A ambição permite, neste caso, que a personagem de Olivia, Ivy, realize um sonho: ter um restaurante. Mas, ao mesmo tempo, isso acaba fugindo um pouco do controle dela, e a adulação, a nova riqueza e tudo mais começam a se tornar um problema.
O mesmo acontece com o Theo, então o equilíbrio é um pouco diferente do filme original. Mas eu adoro isso, e torço por eles o tempo todo, assim como fiz quando li o roteiro pela primeira vez.

O quanto você quis que o filme mostrasse ao público uma visão contemporânea sobre relacionamentos e as possibilidades que cada pessoa tem de ser protagonista da própria história?
Jay Roach: Ah, essa é uma ótima pergunta. É uma forma muito boa de colocar isso. Eu sempre tento, mesmo com personagens que aparecem pouco na tela, fazer com que o público se conecte com eles e se importe com o que eles se importam na cena.
E eu acho que isso depende muito do elenco. Com certeza depende muito de um ótimo roteiro. Mas eu espero que as pessoas assistam ao filme e, se estiverem em um relacionamento, se perguntem se não estão dando as coisas como certas demais.
E você meio que tem aquela experiência, que é um conto de advertência, onde há um pouco de schadenfreude (termo usado para descrever sensação de satisfação maligna). É muito divertido ver as pessoas se desestruturando e se virando umas contra as outras de forma cômica, mas também, eu espero, é algo que faz pensar e pode até se tornar uma espécie de terapia de casal.
Pergunta da Emerald Corp: As locações desempenham um papel crucial na história, impactando especialmente na jornada de Theo. Você poderia compartilhar um pouco sobre o processo criativo de dar vida a esses espaços?
Jay Roach: Sim, boa pergunta. Foi um pouco desafiador porque a história se passa no norte da Califórnia, mas filmamos na Inglaterra por conta da agenda dos atores, entre outros fatores. Tivemos que criar a sensação da Califórnia em South Devon e depois no estúdio em Londres. E eu dou créditos ao meu incrível diretor de produção, Mark Ricker, que encontrou formas de fazer isso.
Ocupamos um restaurante à beira da praia em Salcombe, Devon, e o transformamos no restaurante de caranguejo da Ivy, “We’ve Got Crabs”. Depois, ele também esboçou aquela casa do zero, construímos todos os interiores no estúdio e, em seguida, construímos o exterior em um penhasco vazio com efeitos visuais. Então, tudo se tornou uma casa dos sonhos que realmente imaginamos e criamos.
Sem dar spoilers, houve alguma discussão sobre a cena final do filme? Se manter ou mudar em relação ao final icônico do filme (de 1989) e do livro?
Jay Roach: Sabe, o final foi algo sobre o qual conversamos muito. Eu realmente amei a forma como o primeiro filme terminou e não queria tentar competir com isso. Então, sempre construímos e construímos, até o ponto em que eles colocaram em jogo vários “mecanismos de destruição”, por assim dizer, e depois tentam desesperadamente descobrir o que fazer, até o último minuto.
Eles estão bastante determinados a se destruírem, muito parecido com o primeiro filme. Mas há um momento em que você pensa: “Nossa, será que eles ainda conseguem se reconciliar?”. E queríamos que o final deixasse você, sim, desconfortável, com uma sensação de tragédia, como: “Uau, eles realmente quase conseguiram resolver tudo. E parece que até se comprometeram a isso”.
E então, simplesmente, é tarde demais. E eu acho que a tragédia tem um papel importante. Sempre fui fã de Shakespeare, e há uma razão pela qual aquelas tragédias, de certa forma, foram mais duradouras e impactantes do que as comédias. Porque acho que as pessoas, de certa forma, questionam um pouco mais profundamente quando experimentam esse nível de tragédia, refletindo sobre como podemos seguir em frente para evitar esse tipo de desfecho. Então, se torna uma história de alerta.
Confira a nossa crítica de Os Roses: Até Que A Morte os Separe.
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