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    CRÍTICA | Springsteen: Salve-me do Desconhecido é biografia intensa e fora do comum

    Springsteen: Salve-me do Desconhecido (Springsteen: Deliver Me from Nowhere) chega aos cinemas de todo o Brasil no dia 30 de outubro. O longa é dirigido e roteirizado por Scott Cooper, e traz em seu elenco principal Jeremy Allen White, Jeremy StrongOdessa Young e Stephen Graham.

    A produção conta uma parte da história do cantor Bruce Springsteen, um dos maiores nomes da música mundial e amplamente conhecido como The Boss. O recorte dessa trama leva como base o livro homônimo escrito por Warren Zanes, que remonta os acontecimentos antes do lançamento do álbum Nebraska, um dos títulos mais aclamados da carreira de Springsteen.

    Portanto, boa parte do roteiro se concentra nesse espaço de tempo, explorando os momentos introspectivos e de extrema depressão vividos pelo cantor. Essa é uma escolha muito peculiar para uma biografia, principalmente de um nome tão popular quanto Bruce Springsteen.

    Pegue como exemplo a também incomum biografia de Robbie Williams lançada no ano passado. Mesmo com todos os elementos fantásticos e pouco usuais, Better Man compreende uma boa parte da carreira do cantor, fazendo um memory lane pelos vários momentos importantes de sua vida e que o levaram ao patamar onde ele está hoje.

    Em Springsteen: Salve-me do Desconhecido, por outro lado, Scott Cooper opta por subverter expectativas e se concentra em um dos momentos mais sombrios, e introspectivos, de uma das vozes mais reconhecidas do mundo. 

    Aqui é como se o poder do cantor em movimentar multidões simplesmente não existisse, colocando essa figura amplamente conhecida em um local de humanidade. Em contato com seus traumas de infância, ele se vê em uma grande crise existencial, buscando na música uma forma de expressar como se sente. Mas, apenas isso, não é o suficiente.

    Essa desconstrução do ídolo permeia toda a trama, permitindo que Jeremy Allen White navegue pelos maneirismos e crie sua própria interpretação para as memórias de Springsteen. Mesmo não parecendo fisicamente em nada com o cantor, o ator surpreende bastante com sua habilidade vocal, regravando algumas músicas de The Boss de maneira bem similar às originais. 

    No fim, a atuação de Jeremy casa muito bem com esse momento introspectivo da vida de Springsteen, e pavimenta cenas emocionais com Jeremy Strong, que aqui interpreta o empresário Jon Landau.

    Cooper, que tem em sua filmografia o excelente Coração Louco (2009), sabe muito bem como extrair o melhor desse tipo de produção, buscando não cair nas armadilhas dos clichês do gênero.

    Aqui, o diretor opta por mostrar as memórias de infância de Springsteen em preto e branco, algo que o próprio cantor descreveu como a forma que ele “enxerga” os momentos do seu passado, criando um contraste com a realidade em que o personagem se encontra no presente.

    Essa troca entre as cenas coloridas e as cenas em preto e branco geram um contraste bem interessante, mas que não necessariamente mudam o tom do filme como um todo. Apesar dessas memórias do passado serem intensas e tristes, Springsteen: Salve-me do Desconhecido parece se manter sempre em uma mesma nota, quase sendo uma antecipação constante para o próximo ato.

    Essa constância acaba tornando a produção bem intimista, indo ao completo oposto da expectativa para um filme desse gênero. Em muito ele se assemelha ao álbum que Springsteen lutou para produzir: calmo, introspectivo, mas com muito sentimento. 

    Provavelmente para as pessoas que não conhecem Springsteen, e tampouco sabem de sua história, essa produção poderá ser um tanto clean para um astro do rock. Para quem é fã, o filme é uma extensão de todos os outros materiais produzidos pelo próprio cantor ao longo dos anos, completando sua autobiografia, seu especial na Broadway e tantas outras produções multimídia. 

    Porém aqui as letras ganham vida, e as histórias se tornam ainda mais envolventes e significativas. A reconstrução de Mansion on the Hill, por exemplo, carrega toda a angústia e tristeza que vemos na letra, mas com um peso maior ao vivermos aqueles momentos em tela.

    No fim, Springsteen: Salve-me do Desconhecido foca em mostrar o que Bruce tem de diferente e como sua humildade sempre pavimentou todas as escolhas da sua vida. Isso não quer dizer que ele não tenha cometido erros e não tenha lutado contra seus próprios demônios, do seu jeito. 

    Veredito

    Springsteen: Salve-me do Desconhecido é uma biografia intimista sobre um dos maiores astros do rock. Buscando ir além do ídolo e explorando uma mensagem universal, a produção navega pela criação do álbum Nebraska e por todos os traumas de Bruce Springsteen ao longo desse período. É um retrato introspectivo, honesto e até silencioso de uma das vozes mais poderosas da música. No fim, o filme é uma total inversão de expectativas e vai ressoar especialmente nos fãs de longa data do The Boss.

    Nossa nota

    4,0 / 5,0

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    Assista ao trailer:

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