Sing Sing, filme dirigido por Greg Kwedar, chega aos cinemas brasileiros no dia 13 de fevereiro. Com 3 indicações ao Oscar, a produção traz em seu elenco Colman Domingo, Clarence Maclin, Paul Raci e Sean San Jose.
Confira nossa crítica sem spoilers do filme.
Sinopse de Sing Sing
Divine G (Colman Domingo), preso em Sing Sing por um crime que não cometeu, encontra um propósito ao atuar em um grupo de teatro ao lado de outros homens encarcerados nesta história de resiliência, humanidade e o poder transformador da arte.
Análise
Sing Sing conta a história real de presos que encontraram na arte uma maneira de se tornarem mais fortes e resilientes. A partir do programa Rehabilitation Through the Arts (RTA), que existe na vida real, essas pessoas criaram um espaço de acolhimento e propósito, sentimentos que são bem explorados na produção de Greg Kwedar.
Essa é, talvez, uma das produções dessa temporada que mais me surpreendeu. Com uma abordagem sensível e que transita entre o bom humor e o drama, Sing Sing cria uma atmosfera diferenciada e que cativa a cada desenrolar de suas situações. As três indicações ao Oscar desse ano são merecidas, e talvez merecesse até mais do que isso.
Na história, Divine G, interpretado por Colman Domingo, está preso injustamente na penitenciária Sing Sing há alguns anos. Ao mesmo tempo em que luta para comprovar a sua inocência, Divine encontra formas de se manter vivo, são e com esperanças. Por meio do RTA, ele passa a desenvolver peças de teatro e ajuda outros companheiros a se encontrarem por meio da atuação.
Mas é quando Divine G conhece Clarence “Divine Eye” Maclin que a trama deslancha. Ao entrevistarem Maclin, Divine G e Mike Mike (Sean San Jose) chegam à conclusão que ele tem talento para a atuação e a partir daqui, acompanhamos a criação de uma peça que envolve viagem no tempo, faroeste, gladiadores, Freddy Krueger e tantas outras referências do tipo.
Para compor as peças e as cenas, Kwedar utiliza atores que também fizeram parte dos espetáculos na vida real, e há até uma pontinha do verdadeiro Divine G, inspiração para o personagem de Domingo. Toda essa concepção acontece de maneira fluida, permitindo que os atores demonstrem o que o RTA traz de melhor na vida das pessoas: a possibilidade de serem eles mesmos e demonstrarem seus sentimentos.

A arte é um fator de transformação. Ela toca a todos nós de maneiras diferentes, nos modificando e conduzindo a sermos pessoas mais abertas ao mundo. Em Sing Sing, essa jornada inspiradora divide espaço com os anseios de liberdade de Divine G e Maclin, a saudade de suas famílias e a luta por uma vida melhor.
Colman Domingo, protagonista da trama, está espetacular no papel. Um dos atores mais carismáticos e naturais de sua geração, Domingo traz para Divine G uma delicadeza palpável e um otimismo contagiante, mesmo que várias vezes ele vacile frente à tristeza da injustiça.
A tristeza do dia a dia, a frieza do cenário e dos poucos minutos de sol e ar puro contrastam com a força e calor do teatro de modo contínuo, criando um balanço muito bem desenvolvido pelo roteiro de Kwedar e Clint Bentley.
Não há um momento que você esqueça que eles estão em uma penitenciária, mas existem situações em que o fantástico toma conta e é possível viver aquelas experiências de “faz de conta” de uma maneira real e divertida.
E a beleza de sua abordagem está também na forma como conseguem dividir esse espaço para que outros atores contem suas histórias. Seria mais fácil para Bentley e Kwedar focar todo o tempo de tela nos Divines, a fim de garantir os momentos mais tocantes da produção. Entretanto, sabiamente, eles permitem que outros personagens mostrem suas fragilidades, envolvendo e cativando a audiência.
Essa decisão em nada atrapalha o ritmo da trama, que é bem cadenciado. Com apenas 107 minutos de duração, a história passa num piscar de olhos, tendo uma montagem que garante a explicação efetiva de sua proposta.
Apesar dos monólogos de Domingo serem os mais arrebatadores e que provavelmente serão lembrados pela audiência, vale destacar as atuações de Maclin e Sean San Jose, que também possuem momentos brilhantes.
Todo o elenco está em grande sintonia, uma química que reflete fortemente no ótimo resultado do longa. Quando o filme acaba, diversas cenas de Sing Sing permanecem com a audiência, o que acredito ser um excelente ponto positivo.
Veredito
Sing Sing é uma grata surpresa da temporada de premiações. Sem cair totalmente para drama, mas ao mesmo trazendo uma proposta sensível e tocante, a produção entrega uma história poderosa e recompensadora. Colman Domingo é uma potência, um dos atores mais naturais e carismáticos dessa geração, e sua atuação é a estrela que guia essa ótima produção.
4,2 / 5,0
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