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    CRÍTICA – Emilia Pérez é tudo que falaram por aí…

    Emilia Pérez é um filme francês dirigido por Jacques Audiard e conta com as indicadas ao Oscar, Zoë Saldaña e Karla Sofia Gascón no elenco.

    O longa está disponível nos cinemas brasileiros.

    Sinopse

    Rita (Zoë Saldaña) trabalha em um escritório de advocacia mais interessado em lavar dinheiro do que em servir a lei. Para sobreviver, ela ajuda um chefe do cartel a sair do negócio para que ela possa finalmente se tornar a mulher que sempre sonhou ser.

    Análise de Emilia Pérez

    Desde de sua concepção, Emilia Pérez chamou a atenção do mundo, uma vez que existem muitas polêmicas fora das telas e estrondosas 13 indicações ao maior prêmio da sétima arte, o Oscar.

    Um filme da França, dirigido por um francês, rodado em espanhol e inglês, que retrata o México, mas que não conta com mexicanos nos papéis principais, além de não ter sequer uma linha de pesquisa sobre o país e seus costumes, uma verdadeira salada.

    Para piorar a situação, ainda tivemos Karla Sofia Gascón no centro de diversas polêmicas, sendo, inclusive, afastada da divulgação do projeto.

    Contudo, se tudo isso acima traz luz ao filme, as 13 indicações são justas e o público está pegando pesado com um longa-metragem de qualidade? Creio que a resposta para este questionamento seja a seguinte: Emilia Pérez é controverso dentro e fora das telas.

    Começando pelas atuações e personagens, temos uma Zoë Saldaña poderosa como Rita, uma mulher que tem uma motivação justa, mas que vai por caminhos nada ortodoxos para conseguir seu desejado reconhecimento.

    A advogada é amargada com a vida, uma vez que sofre por conta de um ostracismo de fazer parte de um escritório que dá holofote aos homens sem mérito.

    O seu cansaço cria desespero na personagem e a atriz consegue tirar o máximo que pode do texto bastante raso que é dado a ela.

    Nos números musicais, Saldaña consegue realizar boas apresentações, pois é uma excelente dançarina e cantora, além de ser fluente na língua espanhola, o que ajuda bastante em seu trabalho cênico.

    Gascón, por sua vez, não consegue brilhar nos números musicais, contudo, sustenta bem sua difícil protagonista, dando jus à sua indicação ao prêmio de Melhor Atriz, a primeira mulher trans na história do Oscar.

    Emilia quer fugir de seu passado como Manitas, um bandido mortal e inescrupuloso. Seu objetivo não é apenas se libertar de seu corpo masculino, e sim, de sua trajetória obscura.

    A forma como encontra redenção é ajudando a conter os danos do narcotráfico. O problema é que o texto pobre nunca atinge o grande impacto que as atitudes da personagem deveriam causar.

    Tudo é mostrado de forma sucinta, com problemáticas duras de serem abordadas e mal elaboradas. Falta coragem à obra, uma pena, visto que se trata de uma proposta bastante ousada.

    Para se ter uma ideia, os conflitos gerados pela mudança de sexo, relacionamento com Jessi, interpretada de forma vexatória por Selena Gomez, e pelo conceito de nova vida, todavia, com uma bagagem difícil de carregar, o longa nunca atinge seu potencial.

    Sobre Gomez, a culpa é mais de quem a escalou. A cantora e atriz não é um desastre, pois já foi muito bem em outras oportunidades.

    O que dificulta sua atuação é a falta de domínio da língua, além de reações bastante exageradas. Ela parece um grande estereótipo ambulante. A cena que viralizou na internet mostra o quão ruim foi seu trabalho.

    A direção e montagem são esquisitas, principalmente nas canções. A forma escolhida para as cenas é que alguns diálogos supérfluos se transformem em músicas, o que rende alguns momentos risíveis de muita vergonha alheia.

    La Vaginoplastia, por exemplo, traz uma mensagem bastante ambígua: a ideia é tirar sarro dos procedimentos? Ou talvez seja fazer uma crítica a como as pessoas devem acessar meios clandestinos para se libertar das amarras do sexo biológico? Não sabemos, pois a direção não consegue demonstrar de forma eficaz a sua mensagem.

    El Mal e Mi Camino são canções com pouco impacto, mesmo que a primeira tenha uma boa execução na coreografia interpretada por Zoë Saldaña.

    A melhor música do longa traz um momento absurdo em uma canonização de Emilia Pérez. Las Damas Que Pasan é a mais impactante, mostrando todo o amor de uma mulher por outra, com uma melodia poderosa cantada apenas por mexicanos. Uma pena ela ter o contexto que tem dentro do longa.

    Veredito

    Emilia Pérez é polêmico, transgressor e cheio de problemas em sua execução.

    Se Jacques Audiard fizesse o dever de casa, poderia ter um filme poderoso nas mãos. Contudo, suas escolhas foram extremamente equivocadas, fazendo o projeto pagar caro por isso.

    Nossa nota

    2.5/5.0

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    Assista ao trailer:

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