Conclave é um dos principais concorrentes ao Oscar deste ano. O longa dirigido por Edward Berger, e que adapta o livro homônimo de Robert Harris, recebeu 8 indicações, incluindo Melhor Filme. No elenco estão os nomes Ralph Fiennes, Stanley Tucci, Lucian Msamati, John Lithgow, Sergio Castellitto, Carlos Diehz e Isabella Rossellini.
Confira nossa crítica sem spoilers da produção.
Sinopse de Conclave
O Cardeal Lawrence (Ralph Fiennes) é encarregado de liderar um dos eventos mais secretos e antigos do mundo, a seleção de um novo Papa, onde ele se encontra no centro de uma conspiração que pode abalar os próprios alicerces da Igreja.
Análise
Para muitos, Conclave era considerado um dos filmes mais polêmicos da temporada devido a sua temática. No entanto, de surpresa, ele se tornou um dos favoritos do público, ganhando inclusive um grande fandom nas redes sociais. Em uma busca rápida é fácil encontrar uma legião de fãs dos personagens, que ganharam ampla simpatia da audiência.
Esse efeito causado por Conclave é algo curioso, mas um mérito muito grande da produção. Afinal, sua condução possui um ritmo bem cadenciado e entrega, até os últimos minutos, um entretenimento que realmente diverte.
Na história, acompanhamos o rito do Conclave após a morte do Papa. O Cardeal Lawrence, interpretado por Ralph Fiennes, é o decano encarregado de conduzir a votação que irá escolher o ser mais importante da Igreja Católica.
Ao receber todos os votantes, já nos primeiros minutos de filme, há uma surpresa: um cardeal que ninguém conhecia, e que foi indicado pelo papa in pectore antes de falecer, também fará parte da votação.
E essa não é a única surpresa reservada para Lawrence, que precisa lidar com o peso da maior votação da Instituição ao mesmo tempo em que descobre segredos escondidos de diversos membros presentes no Conclave.
Aqui, vale destacar que o roteiro de Peter Straughan é uma adaptação perfeita do livro de Robert Harris. Há algumas mudanças, obviamente, seja de nacionalidade dos concorrentes, seja no contexto político e diplomático que envolve os acontecimentos da história – e que aqui acabam ficando de fora da condução da trama. Mas todos os principais acontecimentos estão ali e os desdobramentos não destoam em nada do livro.

O material de Harris, por si só, é extremamente instigante. Seja pela incredulidade dos acontecimentos, seja pelo combustível principal que move a trama (a fofoca), é difícil parar de ler antes do livro terminar. E esse sentimento se mantém irretocável ao longo de todo o filme, que consegue adaptar os intensos twists da trama sem parecer tedioso ou forçado.
Ao optar por um roteiro mais objetivo, que deixa de fora diversos pormenores políticos, a produção se encaminha para um entretenimento que traz tensão, mas também arranca risadas. Algo que você não esperaria de um filme sobre a eleição de um novo Papa.
Tudo isso é, também, fruto do excelente trabalho de direção de Edward Berger. Se no livro dependemos da narração de Lomeli (aqui chamado Lawrence) para entender os pormenores de sua fé e convicções, Berger consegue extrair esses sentimentos por meio da excelente condução de Ralph Fiennes.
O diretor, conhecido pelo seu aclamado trabalho em Nada de Novo no Front, traz para Conclave uma visão mais intimista do processo. Na mão de um outro diretor, talvez tivéssemos um filme completamente diferente, e acredito que as decisões de Berger são muito positivas em todos os momentos.
Falando dessa visão intimista, vale destacar o ótimo trabalho de fotografia de Stéphane Fontaine, infelizmente ignorado pela Academia nesta edição do Oscar. Conclave é talvez um dos filmes com mais identidade dessa temporada, e realmente merecia o reconhecimento por parte da premiação.
O elenco é outro ponto alto do longa de Berger. Com Ralph Fiennes, Stanley Tucci, Lucian Msamati, John Lithgow, Sergio Castellitto, Carlos Diehz e Isabella Rossellini, você tem um grupo primoroso em mãos, e o potencial de todos eles é aproveitado em momentos distintos. Isabella, que arrematou a indicação de Melhor Atriz Coadjuvante, encanta em seus poucos minutos de tela e ganha completamente a audiência com o seu monólogo.
Ralph Fiennes recebeu o reconhecimento merecido na categoria de Melhor Ator, pois é o fio condutor de toda a trama e faz um trabalho primoroso em situar o público sobre tudo o que se passa no processo, mas sem ser expositivo demais. É nos momentos de silêncio que o ator brilha mais, dando peso para uma história que, por si só, já ganha pelo carisma.
Vale dizer que não é tarefa fácil o trabalho de conduzir todos esses atores e, de uma maneira eficiente, garantir que todos tenham tempo relevante para apresentarem seus personagens e desenvolverem suas tramas. Mesmo Lawrence sendo o principal, os outros personagens são peças-chave do tabuleiro, e aqui são muito bem trabalhados pelos atos já construídos no livro e adaptados por Straughan.
Veredito
Conclave é um daqueles casos em que o filme é tão bom quanto o livro, fazendo uma adaptação bem-sucedida e que traz o sentimento das páginas para a telona. Com um excelente elenco e visualmente belíssimo, a produção entrega um entretenimento que surpreende de fato a cada reviravolta, conduzindo o espectador por duas horas de diversão. Vale a pena conferir!
4,5 / 5,0
Receba um resumo das principais notícias do entretenimento e uma curadoria de reviews e listas de filmes, séries e games todas as quartas-feiras no seu e-mail. Assine a Newsletter da Emerald Corp. É grátis!
Confira a nossa live analisando o livro e o filme em parceria com a creator Diêni Santos: