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    CRÍTICA – Direção e roteiro afundam Chama a Bebel

    Chama a Bebel é um longa brasileiro dirigido por Paulo Nascimento e estrelado por Giulia Benite com exibição em diversos cinemas do país.

    Sinopse

    Bebel (Giulia Benite) é uma jovem cadeirante que sai do interior e se muda para a cidade grande para estudar.

    Entretanto, as dificuldades aparecem e ela deve enfrentar um poderoso empresário que está roubando os cachorros da vizinhança.

    Análise de Chama a Bebel

    O cinema nacional é cheio de projetos bárbaros e que luta incansavelmente com orçamentos gigantescos de outras praças, além do preconceito dos brasileiros com o que temos por aqui.

    Qualquer diretor que consiga colocar um filme nos circuitos, com investimento em produção e marketing já é um herói.

    Contudo, isto posto, na hora de fazer uma análise técnica, igualamos a régua, obviamente levando em consideração a proposta do longa e, aí sim, suas qualidades e defeitos.

    Chama a Bebel, infelizmente, é uma obra que possui um roteiro genérico e sem coesão, com uma direção atrapalhada que não parece refletir a experiência e o talento de Paulo Nascimento.

    O que compromete o longa não são as atuações, especialmente do seu elenco infanto-juvenil, que apesar de em boa parte ser estreante, demonstra dedicação e potencial para aprimorar seu talento em obras futuras.

    O roteiro é sofrível, com diálogos pavorosos e cheios de frases de efeito. Alguns momentos são constrangedores, uma vez que o longa tenta fazer rir e emocionar de um jeito mecânico, com cada personagem agindo da forma mais artificial possível.

    Paulo Nascimento deve ter uma ideia específica de como a juventude se porta e, ao que parece, com uma falta de conexão real com os pensamentos da geração que busca representar, originando uma trama pouco inventiva e artificial.

    Uma coisa é fazer algo para crianças, acreditando que um texto mais simples e mastigadinho consiga trazer os pequenos para dentro da trama, incluindo também os adultos que devem assistir para acompanhá-los gostarem dos personagens e terem o mínimo para se entreter.

    O problema é que o roteiro é óbvio demais, batido e ainda desqualifica a percepção do público de entender sozinho o que se passa, o que é bem negativo para a experiência.

    A direção também peca bastante, com planos esquisitos, fotografia estourada, problemas técnicos com microfones e time lapses injustificáveis.

    Nascimento parece não ter acertado a mão em sua linha do tempo, com várias elipses confusas que ficam jogando os personagens para todos os lados, nos deixando perdidos sobre o que está acontecendo, além de estar contando três histórias diferentes dentro de uma só narrativa.

    Em um primeiro momento, Chama a Bebel se diz como um filme sobre uma menina cadeirante que tem essa condição e não liga para isso, o que é válido, já que só por ter uma PCD, o longa não precisa ser sobre isso, é apenas uma característica da protagonista – apesar de a atriz que a representa não ser uma pessoa com deficiência.

    Contudo, logo em seguida ele já coloca isso como uma dificuldade, se contradizendo em vários momentos.

    Além disso, o foco na sustentabilidade vai para dois caminhos distintos, com uma linha em resgate de animais e a outra em como a jovem consegue conscientizar seus novos amigos a serem mais responsáveis com o nosso planeta, atirando para todos os lados possíveis, sem nenhuma coesão.

    Veredito

    Chama a Bebel é um obra que tenta se sustentar pelo carisma de sua protagonista, mas falha miseravelmente nas mãos de seu diretor e roteirista com uma história completamente confusa e sem foco, uma pena para um projeto que poderia ser ousado.

    Assista para dar uma força ao nosso cinema, mas vá com a alma tranquila para não pegar tão pesado.

    Nossa nota

    1,0/5,0

    Confira a entrevista com Giulia Benite:

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