A Pequena Sereia é a mais nova adaptação live-action da Disney. Baseada no conto clássico 1837, escrito por Hans Christian Andersen, e na animação de 1989, a produção traz em seu elenco principal os talentos Halle Bailey, Melissa McCarthy, Jonah Hauer-King, Daveed Diggs, Javier Bardem, Awkwafina e Jacob Tremblay.
Confira nossa crítica sem spoilers da produção.
Sinopse de A Pequena Sereia
A filha do rei Tritão (Javier Bardem), Ariel (Halle Bailey), se apaixona loucamente por um príncipe que salvou de um naufrágio. Ela decide ir procurá-lo em terra firme e pede ajuda à bruxa do mar, Úrsula (Melissa McCarthy).
Análise
Lançando uma quantidade significativa de live-action por ano, a Disney tem apostado em aproximar o público mais jovem de suas produções clássicas. Apesar de muitas adaptações até aqui não terem agradado o público e a crítica, exemplos como o Rei Leão e Aladdin fogem à essa regra quando falamos de bilheteria. Ao que tudo indica, A Pequena Sereia fará parte desse seleto grupo de live-action bem-sucedidos.
O diretor Rob Marshall é conhecido por seus musicais, sendo ele o diretor do multipremiado Chicago. Marshall também já trabalhou em filmes da Disney anteriormente, como em Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas e O Retorno de Mary Poppins.
A parceria do estúdio com o realizador já vem de longa data e, devido à sua experiência, a Disney considerou o diretor como o nome ideal para a adaptação de A Pequena Sereia. A escolha foi ótima, pois Marshall consegue criar números musicais estupendos, aproveitando ao máximo a potência vocal de Halle Bailey, Melissa McCarthy e Jonah Hauer-King.
Os números musicais são realmente os melhores momentos do filme. A produção joga no seguro, aproveitando a trilha sonora fantástica de Alan Menken e Howard Ashman para transformar cada pequena cena em algo grandioso. Alguns takes são extremamente parecidos com a animação, o que traz aquela sensação sentimental e nostálgica ao espectador.
Para a produção foram criadas outras canções originais, que fazem com que o filme se prolongue mais do que a animação clássica. O live-action possui quase uma hora a mais de duração, tendo um total de 135 minutos.
Essas novas canções de A Pequena Sereia são uma parceria entre Lin-Manuel Miranda e Alan Menken, e acrescentam muitos momentos diferentes à história clássica. Entretanto, nem todos são realmente necessários, prolongando uma produção que, por si só, já era ótima sendo mais curta.
A duração do longa realmente pesa no resultado final, pois é difícil não se sentir cansado em determinado ponto da trama. Se gasta muito tempo explicando algumas situações que, de fato, poderiam ser condensadas, mantendo o filme com menos de duas horas.
Esse problema acaba sendo mascarado, um pouco, pelo ótimo trabalho de direção e do elenco em cena. Halle Bailey é Ariel e isso está muito evidente: o cast foi certeiro, escolhendo uma atriz iniciante extremamente talentosa.
Halle possui a voz de um anjo e uma ternura sincera em seu olhar, sendo certamente um achado. A Pequena Sereia marca o início de uma carreira brilhante para a atriz, que tem tudo para conseguir mais papéis de destaque na indústria.
Sua química com Jonah Hauer-King, que interpreta o príncipe Eric, é crível, sendo fácil se apaixonar pelos dois e torcer por sua felicidade. Aqui vale destacar também o ótimo trabalho de Melissa McCarthy, que é realmente uma vilã. Sua maldade acrescenta à atmosfera, fazendo com que tenhamos ainda mais afinco em querer o bem de Ariel.
Algo que vem acontecendo em alguns live-actions da Disney é que os vilões ganham contornos de anti-heróis, como se fosse difícil mantê-los em seu papel inicial. Em alguns casos, isso até funciona, mas aqui a decisão de manter Úrsula como a antagonista malvada e perspicaz foi a escolha correta. Melissa possui uma voz feroz e poderosa, que me surpreendeu positivamente.
Quando falamos de personagens em si, apesar de Ariel ser a protagonista no desenho e no filme, ela divide o holofote com Sebastião (Daveed Diggs) em ambas as produções. O caranguejo mais inteligente e sarcástico dos oceanos está de volta e mais ácido do que nunca. Se Linguado (Jacob Tremblay) passa quase despercebido, Sebastião mantém seu carisma e presença em tela intactos e, mesmo que seu design não seja lá essas coisas, é impossível não se sentir apegado ao pequeno ser rabugento.
Já pelo lado técnico, o CGI de A Pequena Sereia funciona em alguns momentos, mas em outros ele cai no vale da estranheza. Todo o arco final do filme, que demanda um uso de CGI mais acentuado, parece algo muito quadrado.
A execução do ato final, como um todo, não funciona muito bem e acredito ser o principal ponto negativo do filme. Há uma falta de cadência na condução da trama que, quando chega ao grande desfecho, deixa tudo mais corrido. Acredito que esse problema seja principalmente porque se gastou muito tempo de tela na primeira metade da história e em momentos não tão relevantes em terra firme.
Falando nos momentos na ilha, as caracterizações poderiam ser melhores. Seja na construção da atmosfera do castelo, seja nas roupas usadas não só por Ariel, mas pelo restante do elenco. A caracterização das sereias fora d’água passa uma sensação de que não foi investido tanto nesse segmento, apostando mais no trabalho dentro d’água com CGI. Javier Bardem é o que mais sofre com esse problema, pois sua caracterização é estranha em ambos os ambientes.
Veredito
A Pequena Sereia é um live-action que funciona, ao contrário de outros feitos pela Disney nos últimos anos. O filme possui números musicais inspirados e fiéis à animação, o que garante momentos estupendos em tela, com o CGI funcionando bem nessas situações e trazendo a magia que sentimos falta em outras adaptações da Disney.
Apesar de seus pontos negativos, como uma duração longa demais e a falta de impacto do ato final, o elenco compensa bastante, trazendo um cast talentoso e com uma ótima química.
3,9 / 5,0
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