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    REVIEW – Kirby Air Riders traz a “fórmula Super Smash” às pistas de corrida

    Masahiro Sakurai está de volta à direção de um jogo de Kirby após mais de 20 anos. Seu novo jogo, Kirby Air Riders, foi desenvolvido pela sua empresa, Sora Ltd, em parceria com a Bandai Namco Studios e lançado para Nintendo Switch 2 no dia 20 de novembro.

    Kirby Air Riders é a sequência do bem sucedido Kirby Air Ride lançado para GameCube em 2003, que havia sido o último protagonizado pelo personagem rosado dirigido por Sakurai. O novo jogo expande os conceitos trabalhados no antecessor, incluindo também um modo história e multiplayer online.

    Para nós brasileiros, o título também conta com a novidade de estar localizado em português do Brasil com legendas e dublagem, algo que não nos contemplou no antecessor de GameCube. O elenco de dubladores brasileiros é composto por Bruna Matta e Fernando Mendonça, que informam os nomes dos personagens e fazem contagens regressivas, além de Alessandra Araújo e Carlos Seidl (famoso por dublar o Seu Madruga), responsáveis pela narração do modo história.

    Eu nunca joguei Kirby Air Ride e confesso que fiquei extremamente surpreso com tudo o que envolveu o lançamento de Kirby Air Riders. Ter duas Nintendo Direct apresentadas pelo próprio Sakurai e que, juntas, totalizaram quase 2 horas de duração indicavam um caminho incomum para a Big N.

    Mais do que dar um grande protagonismo ao diretor do jogo antes do lançamento, a estratégia também me chamou atenção porque as apresentações foram muito didáticas, verdadeiros tutoriais detalhistas para explicar todas as escolhas criativas e a dedicação de Sakurai e sua equipe para darem vida a esse conceito expandido de um jogo diferente no gênero de corrida e lançado há mais de duas décadas.

    Não consegui assistir à primeira Nintendo Direct assim que foi transmitida em 19 de agosto. Quando parei para acompanhar o vídeo salvo, decidi não terminar de ver porque tinha tanta informação que achei melhor me surpreender com o que viria em novembro. Eis que, em outubro, a Big N realizou uma nova apresentação que, novamente, assisti apenas algumas partes, mas o suficiente para saber que Kirby Air Riders teria um modo história.

    E isso me empolgou demais!

    Eu sou muito fã de modo história em jogos de corrida e tenho como grande exemplo o que foi feito pela Rare em Diddy Kong Racing (1997), no Nintendo 64. Admito que me sentia órfão dessa abordagem em jogos de corrida com personagens carismáticos como os da Nintendo, os da Sega e os de várias outras empresas que lançaram games de kart nos últimos anos.

    Então ver que Kirby Air Riders teria seu próprio modo história, chamado de Pé na Estrada, era tudo o que eu precisava. Só que o jogo vai muito além, e precisamos falar sobre isso.

    Kirby Air Riders é um jogo de corrida? É, mas também não é. Acredito que esse é o jogo mais complexo de analisar desde que eu comecei a escrever reviews. Não por ser ruim, longe disso, mas por ser uma mistura de gêneros nada convencional que dá igual importância tanto para corridas, quanto para batalhas e mini games.

    Diversão com comandos simples, mas conceito complexo

    Mesmo que você esteja acostumado a se divertir com jogos de corrida, é bem importante fazer os tutoriais de Kirby Air Riders porque, como disse, esse não é um título tradicional do gênero.

    São quatro tutoriais que vão desde os comandos básicos de ataques e turbos, até as mecânicas mais avançadas para apresentar todos os comandos e também dar uma boa ideia de como tirar o melhor proveito das diversas combinações de personagens e veículos.

    Cada personagem e veículo possui seus próprios atributos. As características dos veículos fazem muita diferença, mas confesso que não senti tanta variação ao trocar os personagens. Entendo isso como um ponto negativo, pois poderia ser mais evidente os ganhos e as perdas de determinadas combinações entre personagens e montarias.

    Apesar disso, a variedade de veículos é bem interessante, e o jogo possui a curiosa mecânica de que você não precisa acelerar: as máquinas simplesmente avançam sozinhas. Claro que há comandos para ganhar mais aceleração, como os tradicionais drifts para ganhar turbo, mas aqui os ataques (movendo o joystick de um lado para o outro) e os golpes especiais também servem para impulsionar seu piloto quando acertam adversários.

    Um jogo de corrida com aceleração por conta própria é algo que me chamou muito a atenção desde que soube que os dois spin-offs de Kirby e sua turma no gênero funcionam assim. E gostei bastante de como esse conceito é executado aqui.

    Além disso, cada máquina pode correr ao chão e também voar. A transição entre ambos os modos é suave e eficiente. Há algumas cuja especialidade é uma ou outra, mas sempre haverá momentos em que seu piloto poderá (ou será forçado) a alternar. Existe inclusive um veículo chamado Estrela Metamórfica que pode mudar sua forma durante as corridas para usá-lo como uma moto ou um planador, simplesmente movimentando o joystick de um lado para o outro.

    Também merece destaque o fato de que todos os pilotos possuem habilidade de cópia, algo que tradicionalmente só é inerente ao Kirby. Aqui, os personagens podem pegar as habilidades de NPCs que estão pelas fases, ou ainda roubar de outros jogadores dependendo do veículo que você estiver usando.

    Essa foi uma ótima ideia do Sakurai e que fez bastante sentido sem descaracterizar a habilidade do Kirby. Afinal, a marca registrada da bolinha rosa é sugar os inimigos, e aqui os demais personagens copiam as habilidades fazendo animações diferentes.

    O jogo sequência de Kirby Air Ride (2003) também é dirigido por Masahiro Sakurai, lendário diretor responsável pela série Super Smash Bros
    Kirby Air Riders vai muito além das pistas de corrida | Créditos: Emerald Corp

    Modos que equilibram batalhas, corridas e mini jogos

    Novamente, Kirby Air Riders não é apenas um jogo de corrida, pois oferece estilos de jogo diferentes entre si, mas que todos se misturam de alguma forma. Os modos disponíveis são:

    • Rali Rasante: corrida tradicional em que o objetivo principal é chegar em primeiro lugar, mas o número de voltas e algumas dinâmicas podem variar.
    • Vista Aérea: a pista completa é exibida de cima e lembra a divertida proposta de um autorama, com objetivos que também podem variar.
    • Prova Urbana: uma batalha de todos contra todos em 5 minutos para que os jogadores peguem máquinas e atributos que surgirem no ambiente. Ao término desse tempo, uma partida aleatória de desafio é disputada no Estádio.
    • Pé na Estrada: o modo história para conhecer os mistérios sobre o personagem Zorah. Dividido em mais de 10 mundos (chamados de fases), os desafios aparecem no horizonte de cada área e contemplam todos os estilos de jogo dos modos multijogador para jogar do início ao fim com o piloto que você escolher.
    • Multijogador online: oferece um lobby chamado paddock para interagir com até 32 jogadores por meio de emojis e customizar as máquinas. É possível jogar no modo casual ou competitivo, podendo também abrir sua própria sala e definir as regras ou entrar no que estiver disponível. Também podem ocorrer eventos sazonais que dão adesivos, decalques e outros itens de customização.

    Tudo se entrelaça e transmite a sensação de que você está vivendo uma boa experiência que mistura a gameplay de corrida com os jogos da série Super Smash Bros, da qual Masahiro Sakurai também dirige. Não apenas pelas fases de batalha e pela grande variedade de ataques em meio às corridas, mas também pelas interfaces características do diretor e a maneira como são desbloqueados personagens, máquinas, acessórios, entre outros.

    Há quadros variados em branco onde são liberadas pequenas partes de uma grande arte composta por mais de 100 partes desbloqueáveis ao completar desde objetivos simples, como ganhar corridas, até complexos como vencer o modo história e ter liberado 140 espaços ou mais.

    O Pé na Estrada é a cereja do bolo, mas tem seus problemas. Você começa com um personagem da sua escolha com todos os atributos no mínimo. Ao longo da estrada de três vias em linha reta vão surgindo desafios de todos os modos disponíveis e itens, além de paradas para melhorar uma característica que você escolhe entre três opções aleatórias, e lojas para comprar atributos e itens.

    Os mundos também contam com mini bosses no caminho, e um boss ao final de cada. O começo é tranquilo, embora possa ser caótico se você não pegou bem as informações dos tutoriais, mas não senti que estava progredindo de verdade até chegar no penúltimo mundo da primeira run, que fiz no nível normal.

    Um fator que contribui muito para essa sensação é que a duração das pistas e desafios é curta, no máximo 2 minutos cada. Vão acontecer momentos em que você vai concluir um desafio em 10 segundos. Ou seja, quando você menos esperar já se passaram diversos mundos e pareceu que tudo foi igual.

    Somente perto de terminar a primeira jornada no Pé na Estrada é que senti que realmente houve um aumento na dificuldade, e que as escolhas que fiz ao longo do caminho de fato fizeram alguma diferença.

    Apesar de no geral não passar uma boa sensação de progresso nas cerca de 3 horas de duração, Kirby Air Riders compensa na reta final e pelo fator rejogabilidade. Você precisa jogar novamente o modo história pelo menos uma vez para de fato completá-lo, enfrentando o real chefe final.

    E ao rejogar a primeira vez ficou evidente que sim, há uma progressão acontecendo, pois o reinício do Pé na Estrada no Novo Jogo+ exige que você comece com os atributos zerados, embora possa transportar o dinheiro (milhas) conquistado. Você percebe nitidamente que jogar com tudo no zero é bem desafiador, fazendo com que a segunda run seja bem melhor que a primeira.

    Mesmo após jogar pela segunda vez, ainda haverá alguns caminhos não liberados, além de que pode acontecer de você não ter liberado todo o quadro de desafios, tornando o modo história um pouco mais longo, podendo beirar as 10 horas de gameplay.

    E a segunda rodada no modo história também é melhor porque a jornada tem um mundo a mais, além do desafio final ser maior, apresentando o real chefe. E bem, ambos chefes são incríveis!

    As batalhas contra Gigantus são momentos incríveis da gameplay de Kirby Air Riders
    Gigantus, um dos desafios finais de Kirby Air Riders | Créditos: Emerald Corp

    A gameplay muda drasticamente nesses enfrentamentos, e é algo realmente criativo. Você pode pegar itens e habilidades espalhados pelo chão para vencer máquinas gigantes que precisam ser acertadas de maneiras específicas. De certa forma a experiência se torna um jogo de ação e luta, mas correndo pelo chão ou voando pelos ares com a sua máquina.

    A Prova Urbana e os desafios sazonais online que participei durante essas primeiras duas semanas após o lançamento também merecem destaque. A ideia de você se equipar em meio a uma batalha de 5 minutos para então ir a um desafio que será aleatório é muito boa, pois não importa o quão experiente você seja, sempre haverá um elemento surpresa que poderá te dar sorte ou azar.

    Digo isso porque você pode cair num desafio de planar, mas estar com uma moto. Simplesmente será impossível competir nesse caso se a fase demandar que você voe por uma longa distância em linha reta. Aí entra o critério rejogabilidade novamente, que fica ainda mais interessante durante os eventos, pois você ganha pontos mesmo participando, mas provavelmente vai desejar conquistar mais obtendo melhores colocações.

    No entanto, algo negativo nessa experiência multiplayer online é não ter como recomeçar com quem já está na sala. Isso te obriga a formar um novo grupo de pessoas e nem sempre o matchmaking é rápido, às vezes leva tanto tempo pra formar quanto uma fase de 1 ou 2 voltas.

    Essa falta de possibilidade de manter o mesmo grupo também afeta os outros modos online, o que infelizmente é uma pena.

    Kirby Air Riders realmente precisava ser um jogo do Switch 2

    É interessante ver que um dos grandes jogos do ano de lançamento do Nintendo Switch 2 é um jogo de corrida com elementos da série Super Smash Bros.

    De longe pode parecer “inofensivo” um game estrelado por personagens fofos como os da turma do Kirby que correm e batalham em pistas de escopo não muito grande. No entanto, o polimento gráfico e, principalmente, a performance se destacam nesse título.

    Graficamente o jogo é perfeito dentro do que se propõe. A interface é bem familiar se você já jogou algum jogo do Sakurai, especialmente o Super Smash Bros. Ultimate. A trilha sonora e o trabalho técnico de áudio também são bem característicos do estilo do diretor, além de trazer ótimas releituras das músicas clássicas do Kirby, como o tema da Gourmet Race.

    A performance merece muitos elogios, pois Kirby Air Riders demanda bastante pela intensidade das corridas e desafios. A taxa de quadros é consistente a 60fps mesmo com todo o caos que pode acontecer, tanto na TV, quanto no modo dock. Realmente precisava ser um jogo do Nintendo Switch 2, embora pontualmente possa acontecer alguma queda de framerate jogando solo, online ou com tela dividida entre duas pessoas, mas nada prejudicial.

    Apesar de ser tecnicamente muito bom, também passei por um problema bizarro que pode ser frustrante, dependendo de onde tiver sido o último salvamento automático no Pé na Estrada. Aconteceu de eu derrotar o chefão Kracko numa Prova Urbana e morrer ao mesmo tempo no modo história. Selecionei a opção para jogar novamente e a fase iniciou com a tela toda preta, mas a trilha sonora e os efeitos do game tocando normalmente. Achei que a fase acabaria dentro do tempo limite de 1 minuto ou menos, mas não, então precisei reiniciar o game.

    Veredito

    Kirby Air Riders é um jogo de corrida único, cheio de batalhas e minijogos integrados à essência do gênero, que traz elementos responsáveis por fazer a série Super Smash Bros um sucesso. Masahiro Sakurai entrega um resultado criativo e tecnicamente consistente, mas também apresenta alguns momentos menos inspirados no modo história e no matchmaking online.

    Nossa nota

    4,0 / 5,0

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    Assista ao trailer:

    Ficha técnica de Kirby Air Riders

    Lançamento: 20 de novembro de 2025

    Desenvolvido por: Bandai Namco Studios e Sora Ltd.

    Publicado por: Nintendo

    Plataforma: Nintendo Switch 2

    Número de jogadores: 1 a 4 (local), 1 a 16 (online)

    Gêneros: Ação, Corrida, Multijogador

    Idiomas: Português Brasileiro, Japonês, Inglês Britânico, Francês, Alemão, Italiano, Espanhol, Coreano, Holandês, Chinês Simplificado, Espanhol Latino-americano, Francês Canadense, Chinês Tradicional, Inglês Americano

    Preço: R$ 439,90

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