Pluribus é a nova série de ficção científica do Apple TV. Criada por Vince Gilligan, a produção conta com Rhea Seehorn no papel de Carol, a protagonista da trama. Na história, Carol é uma das poucas pessoas no mundo que não foi afetada pelo “vírus da felicidade”, e agora ela se vê em uma posição de liderança para tentar salvar a humanidade desse mal.
Tivemos a oportunidade de conversar com Rhea sobre a personagem, a ideia da série e como foi trabalhar novamente com Vince Gilligan, com quem trabalhou em Better Call Saul. Confira a entrevista!
Pluribus é certamente um tipo de produção muito diferente dos trabalhos anteriores de Vince Gilligan. Como foi o processo de colaboração entre vocês na construção dessa ideia de um mundo distópico?
Rhea Seehorn: Bem, claro. Quando ele veio até mim e disse que tinha escrito algo para mim, ele me contou que não teria nada a ver com Kim Wexler ou Breaking Bad ou Better Call Saul. Ele mencionou que teria um elemento de ficção científica, mas não me disse mais nada. Eu já tinha dito sim assim que ele disse que escreveu algo para mim (risos). Mas então ele me enviou (o roteiro), e eu fiquei tipo: “isso é maluco. Esse roteiro é louco… da melhor maneira possível”. Eu senti que seria uma grande fã da série mesmo se eu não estivesse nela.
E eu amei muito tudo! À medida que fui recebendo mais episódios, surgiu essa ideia de ter uma personagem que é basicamente o oposto polar da Kim Wexler. Eu amei a Kim, mas foi muito divertido pensar: “ok, ela é tão diferente. Ela é tão altamente reativa e tão complexa”.
Ele escreveu uma variedade enorme de coisas pelas quais ela passa, onde você consegue criar um drama muito sombrio e depois comédia, comédia sombria às vezes na mesma cena. Eu estava super empolgada, embora seja assustador, porque é tipo: “isso é muito, é muito de mim”. Mas eu estava empolgada para embarcar nessa jornada com ele.
Você acabou de falar sobre a complexidade dessa personagem e eu concordo que ela é cheia de camadas e muito complexa. E mesmo antes do vírus (da série) chegar, ela já era alguém que focava no lado negativo. Então, essa pandemia só potencializou esse lado. Como você explorou esses tons da personalidade de Carol?
Rhea Seehorn: Quando Vince começou a pensar nessa série, ele me disse que foi nove ou dez anos atrás. Então, a pandemia (de Covid-19) não tinha acontecido, e a IA não era o assunto principal como é agora. O mundo era diferente, mas ele está escrevendo uma série sobre a natureza humana.
O elemento sci-fi é um ótimo dispositivo que você pode usar para mostrar um mundo que parece o nosso, mas por outra lente. E você é forçado a questionar coisas diferentes. E as pessoas trazem suas próprias interpretações. Alguns acham que é uma meditação sobre o luto, outros sobre IA, ou um comentário sobre a polarização no mundo.
Já eu tive a tranquilidade de saber que a Carol não entende o que está acontecendo com o vírus ou o evento. Eu sou o ponto de acesso do público a esse mundo maluco. Meu trabalho era tentar interpretar essa pessoa comum que é uma heroína relutante.
Ela não queria liderar isso, ela não queria nem levantar do chão quando sua esposa morreu, mas ela sente que alguém precisa fazer alguma coisa. Ela tem muitas falhas e eu ficava procurando quais seriam as táticas que essa pessoa teria à sua disposição para alcançar o objetivo que ela quer, mas há todos esses obstáculos no caminho, o que faz parte do que cria o conflito, o drama, mas também a comédia. No fim, ela acaba sendo colocada numa posição onde há consequências terríveis para a sua raiva impulsiva.
E ainda assim eu sinto por ela porque eu ficava tipo “não, eu nunca estive na situação em que ela está exatamente”, mas com certeza já fui alguém que sentia ser a única gritando que a casa está pegando fogo e todo mundo ao redor falava: “não é tão grave assim, relaxa”.
Então eu recorri a situações como essa. Eu entendo a ideia da necessidade de ficar sozinha que a Carol tem no começo. Eu não sou assim, mas entendo a ideia; eu entendo precisar de tempo sozinha e às vezes realmente precisar hibernar, em contraste com a parte muito extrovertida da minha personalidade.
Então, eu recorri a algumas dessas experiências de ser levada a questionar: até que ponto você pode estar sozinha antes de ficar solitária? E estar sozinha por escolha própria versus por não ter escolha?
O luto é certamente algo que considero importante e com o qual já tive experiência. E é um tipo próprio de loucura temporária. Então, eu realmente quis explorar isso. As pessoas reagem de maneiras muito diferentes e às vezes de formas muito, muito estranhas quando estão enlutadas. E ela não está apenas de luto pela esposa, ela está de luto pelo mundo inteiro, sabe (risos). Então, sim, isso é parte das coisas pelas quais eu tentei começar.

Pra mim, um dos aspectos mais divertidos de Pluribus é ver todos esses humanos se movendo em sincronia perfeita, e então ver a Carol fazendo algo totalmente diferente. Como foi filmar essas cenas no dia a dia?
Rhea Seehorn: Foram muito legais, e preciso dar muito crédito aos atores do Novo México e Albuquerque, em particular. Essas pessoas tiveram um trabalho enorme. Pediram para que eles atuassem em sincronia e foram coreografados pelo nosso coreógrafo incrível, Nito (Larioza).
Mas eles são indivíduos, e isso é um componente central da série. Uma das regras que o Vince criou é que essas pessoas ainda estão em seus próprios corpos. Se você mancava antes do evento, você ainda manca agora. Seu jeito particular de sorrir não precisa ser exatamente igual ao da pessoa ao lado, porque senão pareceria robótico, e o Vince não queria isso. Então, essas pessoas tiveram ensaios separados e tudo mais.
E foi um presente para mim como intérprete. Vamos pegar a cena da emergência, quando eu chego procurando ajuda para minha esposa. Eu não precisei fazer isso com tela verde. E eu faria com prazer, se a cena exigisse, mas eu tinha aquelas pessoas realmente fazendo aquilo a noite inteira por mim, atuando 100% todas as vezes.
E eu agradecia a elas todas as noites, porque elas não só estão criando o mundo para o público, mas estavam lá por mim. Elas eram minhas parceiras de cena em momentos em que eu não tinha realmente ninguém com quem contracenar. E elas fizeram isso repetidas e repetidas vezes ao longo da série. Foi realmente muito, muito bonito de ver.
Leia também a nossa crítica da série
Confira o trailer da série:
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