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    CRÍTICA – Jurassic World: Recomeço esquece dinossauros em trama simplista

    Preparados para mais dinossauros, só que dessa vez ainda mais geneticamente modificados, nas telonas? Jurassic World: Recomeço (Jurassic World Rebirth), novo capítulo da franquia inspirada nos livros de Michael Crichton, já está disponível nos cinemas de todo o Brasil.

    Dirigida por Gareth Edwards (Resistência) e roteirizada por David Koepp, roteirista responsável pelo primeiro Jurassic Park, a produção se passa 5 anos após os acontecimentos de Jurassic World: Domínio. Na nova história, uma empresa farmacêutica gananciosa precisa do material genético dos dinossauros para desenvolver uma cura para doenças cardiovasculares. 

    Porém, conseguir esse material nos dias atuais é praticamente impossível, já que a população se cansou dos dinossauros e eles estão basicamente ou mortos, ou morrendo. A única forma de conseguir é encontrar esses seres na natureza, numa ilha que não tem uma localização exata, mas que fica próxima à Guiana Francesa. Ah, e vale mencionar, é uma área proibida para seres humanos.

    Martin (Rupert Friend), representante do conglomerado maquiavélico, resolve unir um time de mercenários e um especialista em dinossauros para uma missão ilegal em busca desses materiais. Para a missão, são escalados os profissionais de segurança Zora (Scarlett Johansson) e Duncan (Mahershala Ali) como líderes da equipe, e o historiador Dr. Henry (Jonathan Bailey) para ser o personagem que, obviamente, vai explicar as especificidades dos dinossauros para o público.

    Portanto, Jurassic World: Recomeço tem uma premissa bem diferente de seus antecessores. Se sempre encontramos um grupo de pessoas entusiasmadas e felizes em ver os dinossauros e conhecer seu habitat, aqui a lógica é que apenas Henry se importa realmente com esses bichinhos. A ideia, para eles, é muito simples: entrar na ilha, coletar o sangue dos animais e ir embora.

    Mas tem um porém (sempre tem): essa ilha abrigava um laboratório que fazia experimentos entre espécies de dinossauros. Não que a gente não tenha visto isso em outros filmes, afinal, toda a ideia da franquia de Jurassic Park se dá por meio da manipulação de DNA para completar lacunas e trazer “de volta” cópias similares a dos dinossauros que viveram na Terra há milhões de anos.

    Só que, nesse caso específico, essa ilha é o habitat dos experimentos que não deram certo. Eles não ficaram bonitos o suficiente para o público apreciar e, por esse motivo, foram largados para viver à própria sorte nesta região.

    Para além desse primeiro arco, temos uma família que acaba descobrindo em alto mar que os mosassauros gostam de afundar barcos. Obviamente, todas essas histórias acabam se cruzando em algum momento e vemos um show de cenas clássicas da franquia revisitadas em um contexto diferente.

    O que posso dizer é que Jurassic World: Recomeço é um filme divertido, mas que pouco ou nada acrescenta à franquia e nem mesmo consegue justificar um sentido para a sua existência. O que não quer dizer que a trilogia anterior tenha conseguido fazer isso de forma consistente, então, não é como se existisse um caminho perfeitamente traçado para onde esse novo capítulo poderia seguir.

    O universo de Jurassic World é muito grande e envolve, para além dos filmes, também animações e outras mídias. Existem histórias que podem ser aproveitadas e, a bem da verdade, há ilhas que até hoje não foram exploradas com propriedade na telona.

    Mas aqui, David Koepp opta por criar algo completamente novo, mesmo que a sua abordagem de roteiro e até construção de cenas revisite em tempo integral outros momentos marcantes da franquia. Desta forma, revivemos experiências iguais, como os velociraptors perseguindo as pessoas enquanto elas estão escondidas ou uma criança criando laço com um pequeno dinossaurinho. Só mudam as espécies, mas a lógica é a mesma. 

    Outro ponto, e que pra mim é o mais importante, está nos próprios dinossauros. Jurassic World: Recomeço apresenta várias espécies, mas nenhuma delas realmente representa algo interessante para a construção da história. E se os dinossauros, que são a alma da franquia, não são levados em consideração aqui, o que significa toda essa história, afinal?

    CRÍTICA - Jurassic World: Recomeço esquece dinossauros em trama simplista
    Créditos: Divulgação / Universal Pictures

    A direção de Gareth Edwards é segura e cumpre o necessário para criar boas cenas de ação. Scarlett Johansson e Mahershala Ali são aces da indústria, com anos de experiência e diversos prêmios, dominando a tela em todos os momentos que estão presentes. Jonathan Bailey, mesmo sendo o “novato” no trio de protagonistas, esbanja simpatia e é muito confiante no personagem que está interpretando. Mas acaba sendo só isso.

    Nem mesmo Dolores, a nova mascotinha introduzida nesse filme, tem um aproveitamento interessante. Fica parecendo que vemos muita coisa, mas que nada realmente possui algum aprofundamento para que o público se sinta abraçado por esse universo tão lindo criado por Steven Spielberg em 1993.

    Dito tudo isso, eu adoro dinossauros e visualmente Jurassic World: Recomeço é muito bonito, com poucas cenas em que você percebe as inconsistências de CGI. As novas espécies, que não vou me lembrar o nome de nenhuma (pois nem mesmo os personagens sabem quem elas são), estão muito bonitas em tela e realmente preenchem o espaço durante as cenas de ação. 

    Apesar do bom conceito de um laboratório com experimentos que deram errado, eu sinceramente não consigo conceber a ideia de que “a humanidade se cansou de dinossauros” e a forma como essa abordagem acontece no filme. No entanto, posso dizer que me diverti em vários momentos, mesmo com todas as inconsistências que o roteiro e as escolhas dos personagens possuem. 

    Acredito que o estúdio e os realizadores da franquia nunca vão se perguntar se deveriam fazer novos filmes, apenas se podem fazê-los, então provavelmente veremos um novo capítulo num futuro não tão distante. É torcer que, até lá, os roteiristas reencontrem o amor por essas criaturas e os coloquem novamente como foco da história, e não como coadjuvantes dela.

    Veredito

    Jurassic World: Recomeço traz um elenco incrível e um bom conceito, mas executado de uma maneira um tanto simplista. Os dinossauros estão lá, mas eles não são tão importantes. Os elementos clássicos estão lá, mas eles causam pouco impacto. No fim, a produção nunca consegue justificar a sua existência, mas entrega um entretenimento divertido e pipoca em boa parte do tempo.

    Nossa nota

    3,2 / 5,0

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    Assista ao trailer:

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