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    CRÍTICA – O Mundo Depois de Nós tem potencial desperdiçado

    O Mundo Depois de Nós é uma obra que é adaptada de um livro homônimo, que foi criado em 2020 e que está no catálogo em 2023.

    O longa conta com nomes de peso no seu elenco como Mahershala Ali (Moonlight), Julia Roberts (Uma Linda Mulher), Ethan Hawke (Dia de Treinamento) e Kevin Bacon (They/Them), além de ser dirigido e roteirizado por Sam Esmail (Mr. Robot).

    Sinopse

    Andrea (Julia Roberts) e Clay (Ethan Hawke) vão tirar um dia de folga em uma casa isolada com seus filhos, contudo, seus planos não se concretizam quando um ciberataque acontece e eles tem que trabalhar juntos com G. H. Scott (Mahershala Ali) e Ruth (Myha’la Herrold), pai e filha que são donos daquele lugar.

    Análise de O Mundo Depois de Nós

    O Mundo Depois de Nós

    Sam Esmail fez um trabalho magnífico em Mr. Robot, apresentando uma trama complexa e cheia de teorias da conspiração e grandes críticas à sociedade e a tecnologia.

    Em O Mundo Depois de Nós, o diretor tenta fazer algo parecido, mas falha miseravelmente por conta de muitas ideias e pouco desenvolvimento…

    Explico, há aqui uma vontade de falar sobre vários assuntos espinhosos como, por exemplo, racismo, vício em tecnologia, fake news e guerra.

    Em dado momento, o filme encaixa bem, principalmente na abordagem social e racial, uma vez que coloca Amanda a confrontar os Scott e as cenas são bem intensas. O incômodo da protagonista em relação ao papel de G. H. Scott fica nítido, a tensão aumenta, pois como um homem negro atingiu tamanho sucesso? É possível chegar tão longe e ser tão bem quisto em uma sociedade que nos separa pela cor?

    É nítido que Amanda é uma Karen, expressão utilizada para denominar mulheres brancas que estão prontas para reclamar, fazer escândalos e odeiam tudo e todos, principalmente se você for preto e Roberts entendeu isso.

    Mahershala Ali também traz um charme incrível, com sua voz poderosa e jeito calmo, mesmo sabendo que o mundo está indo para o ralo. Sua postura de lorde faz de Amanda e G.H. Scott os melhores personagens, mesmo que seja um pouco difícil de torcer por eles por conta da sua complexidade e áreas cinzas.

    Entretanto, após passarmos adiante essa discussão, as outras ficam jogadas no ar, completamente rasas e sem o desenvolvimento necessário para ficarmos pensativos em relação aos problemas que a tecnologia e desinformação podem causar, pois o O Mundo Depois de Nós fica mais preocupado na micro e não mostra o macro, ou seja, a devastação total das cidades.

    A impressão que fica é que os produtores estavam tão convictos de que o longa teria sucesso que já deixaram pontas soltas para um segundo capítulo desta história.

    Isso até não é um problema, desde que essas pontas não sejam, na verdade, caminhos largos e sem qualquer profundidade, o que deixa a trama completamente aberta e a obra incompleta.

    Pior, vemos que todo um potencial de um filme catástrofe, como tem sido de praxe na Netinha nos últimos dezembros, escorre pelos dedos, já que o livro foi lido pela metade e muita coisa boa foi deixada de lado.

    Parece que O Mundo Depois de Nós deixou a coesão de lado, assim como os demais atores deste espetáculo que aparecem pontualmente em arcos desinteressantes e com propósitos menores do que o roteiro apresenta. O filme é pequeno demais pelo que ele diz ser, e isso é grave.

    O que vai acontecer com esses personagens? Como o resto do mundo viu esse ataque? Há esperança de dias melhores? A raça humana irá persistir depois de um ato terrorista dessa escala? Acredito que jamais saberemos…

    Veredito

    O Mundo Depois de Nós frustra por ser incompleto e tentar inflar um saco furado. O mais curioso é que não foi por falta de tela, tampouco por um elenco fraco ou diretor/roteirista ruim, e sim, por talvez enxergar na jornada algo que satisfaça o espectador, sem se preocupar com a chegada.

    Nossa nota

    2,5/5,0

    Confira o trailer abaixo:

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